São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
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Redes devem rever juros em dezembro

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Grandes redes de lojas devem reduzir os juros a partir do dia 1º de dezembro e, assim, acompanhar a queda da TBC (taxa básica da economia) anunciada pelo governo.
Lojistas consideram a medida uma surpresa positiva, pois a redução dos juros, mesmo pequena, pode resultar na melhora das vendas e mostrar que o governo tem a economia sob controle.
Desde que o governo elevou os juros, no início do mês, o custo do financiamento de um produto chegou a dobrar no comércio.
A Arapuã, por exemplo, aumentou a taxa, que variava de 4,5% a 7%, para 8,9% ao mês. O Ponto Frio, de 4,5% a 7,2%, para 5,5% a 8,8% ao mês. A Lojas Americanas, de 3,5% a 6,5%, para 5,5% a 9% ao mês.
Até ontem essas e outras redes que aumentaram os juros, como os grupos Bompreço e Pão de Açúcar (Pão de Açúcar, Extra e Superbox) e Wal-Mart, não pretendiam reduzir as taxas neste mês.
"Nada muda em novembro. Se o juro básico da economia reduzir em dezembro, vamos certamente acompanhar", diz Julio Cesar Pinto, diretor financeiro do Ponto Frio. Para ele, a decisão do governo "é um bom sinalizador para a economia, pois revela que o mercado está se acalmando".
Para a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP), a disposição do governo em reduzir os juros em dezembro "é uma surpresa agradável", afirma Vladimir Furtado, economista.
Mas, ainda assim, a federação não altera as projeções de vendas para o final do ano. Para dezembro, a FCESP prevê queda de 13% no faturamento e de 6% na venda física na comparação com igual mês de 1996.
Segundo ele, o comércio não deve antecipar a queda dos juros, apesar de as taxas sinalizarem para uma queda. Isso deve ocorrer no mês que vem. "A decisão do governo de reduzir os juros mostra, por enquanto, que o governo tem a economia sob controle."
Queda de vendas
Quem subiu os juros, e mesmo quem não alterou as taxas, viram a venda cair. No Ponto Frio, as vendas diminuíram 15% assim que os juros subiram. A previsão de faturamento para o mês não está se confirmando -está 20% abaixo.
A Lojas Cem, que pertence ao grupo de lojas que não mexeu nos juros -eles variam de 2,5% a 6,5% ao mês, dependendo do prazo financiado-, informa que o ritmo de vendas caiu 20% neste mês.
Natale Dalla Vecchia, diretor, diz que o Natal será mais magro do que o do ano passado mesmo sem aumentar os juros. Ele prevê queda de 20% no faturamento e de 5% a 10% na venda física.
Michael Klein, diretor da Casas Bahia, acredita que a venda neste final do ano deve cair 30% em relação a igual de período de 96. "Esperávamos um Papai-Noel gordo, mas ele está de dieta."
Lojistas de shopping centers estão igualmente desanimados com o ritmo de vendas, de 15% a 20% menor do que o de outubro, informa a Alshop, associação que reúne esses lojistas.
Ele conta que as taxas cobradas pelas lojas, que variavam de 4% a 7% ao mês, agora estão entre 7% e 11% ao mês.
Para Nabil Sahyoun, presidente da associação, a decisão do governo de reduzir os juros em dezembro tem mais efeito psicológico do que real.
Para ele, as lojas vão acompanhar a queda dos juros, que, na sua análise, não deverá ser expressiva. "Mas tudo que acontece em prol do varejo favorece as vendas."

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