São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
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Iraque permite volta de americanos

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo dos EUA vai esperar e ver se o Iraque permitirá o retorno de todos os integrantes da equipe de inspeção da ONU que verifica o desmanche de armas de destruição em massa daquele país.
O Iraque prometeu readmitir a comissão da ONU, inclusive seus integrantes norte-americanos e, assim, pôr fim à crise iniciada há três semanas, quando os cidadãos dos EUA que faziam parte da missão foram impedidos de trabalhar.
A chegada de toda a equipe fiscalizadora da ONU a Bagdá está prevista para hoje.
O recuo iraquiano foi anunciado após reunião que varou a madrugada em Genebra, Suíça, com a presença dos chanceleres de EUA, França, Reino Unido, China e Rússia, os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
Pela manhã, o presidente dos EUA, Bill Clinton, disse que seu país "deve e vai se manter resoluto na determinação de impedir" ameaças iraquianas.
À tarde, após ter se encontrado com o secretário-geral da ONU, o secretário da Defesa, William Cohen, afirmou que as tropas e armamentos deslocados pelos EUA para a região do golfo Pérsico nas últimas três semanas permanecerão lá "enquanto for necessário".
O assessor de segurança nacional de Clinton, Sandy Berger, procurou afastar os EUA de qualquer compromisso assumido pela Rússia com o Iraque em troca do recuo em relação à equipe de inspeção de armas. "Não fizemos nenhum negócio, nenhuma concessão. Qualquer entendimento entre Rússia e Iraque não envolve os EUA ou a ONU", disse Berger a jornalistas.
Segundo nota oficial do governo iraquiano, a Rússia se comprometeu a "participar ativamente" do processo de aceleração da suspensão das sanções contra o Iraque.
Mas, na ONU, Bill Richardson, embaixador norte-americano, disse que o país vetará qualquer proposta de levantar sanções a não ser que o Iraque siga por completo às ordens de eliminar todas as suas armas de destruição em massa.
O recuo iraquiano está sendo interpretado como uma vitória da diplomacia russa. Desde o fim da União Soviética, os russos vinham perdendo influência no cenário político internacional. A atual crise entre Iraque e ONU é a primeira oportunidade que eles têm nesta década de voltar ao estrelato.
A Casa Branca, sede do governo dos EUA, não parece animada com as perspectivas: "Devemos ser prudentes em relação a esse anúncio; isso ainda não acabou", afirmou Sandy Berger.
Como prova de que o assunto não está encerrado para os EUA, outros 32 aviões partem hoje, como programado, de suas bases norte-americanas para o golfo.

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