São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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Economia recebe mais R$ 16 bi com 13º

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

A economia começa a receber, a partir da próxima sexta-feira, pelo menos R$ 16 bilhões a mais do que o normal. Até 28 deste mês as empresas devem pagar a primeira parcela do 13º salário. O prazo da segunda vence perto do Natal.
As expectativas sobre o impacto dessa montanha de dinheiro sobre as vendas, entretanto, se já não eram animadoras, pioraram depois do salto dos juros. Aplicações em fundos e poupança, de um lado, e o pagamento de dívidas, de outro, devem ficar com boa parte do 13º que iria para o consumo.
Não há números precisos sobre o total de salários pagos no país. Um bom indicador, entretanto, pode ser a arrecadação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
A Caixa Econômica Federal contabilizou arrecadação de R$ 1,05 bilhão em outubro, referente a salários de setembro. Como o FGTS corresponde a 8% de cada salário, a massa salarial pode ser estimada em R$ 13,1 bilhões.
No final de 1996, a massa salarial medida dessa forma cresceu de uma média de R$ 12 bilhões para R$ 14,06 bilhões em novembro e R$ 16,9 bilhões em dezembro.
O crescimento é desigual e os valores não dobram porque muitos assalariados recebem metade do 13º nas férias, ao longo do ano.
Se ocorrer evolução semelhante neste ano, o total de salários pagos por empresas da economia formal passa da média de R$ 13 bilhões para uns R$ 15 bilhões neste mês e R$ 18 bilhões em dezembro.
A economia receberia, portanto, cerca de R$ 7 bilhões extras.
O número é estimado e pode ser maior porque há um contingente importante de trabalhadores sem carteira assinada. Recebem o 13º, mas seus empregadores não recolhem FGTS. O mesmo ocorre com os empregados domésticos.
Além dos assalariados, receberão o 13º neste final de ano os aposentados do INSS. O pagamento vai de 1º a 12 de dezembro.
O INSS vem desembolsando cerca de R$ 3,5 bilhões por mês com benefícios, basicamente aposentadorias. Em dezembro, dobra.
Também recebem 13º os servidores públicos dos governos federal, estaduais e municipais.
Muitos deles têm FGTS e estão incluídos na massa estimada de R$ 7 bilhões. Mas a parcela não é tão significativa e a evasão do fundo se concentra no setor público.
No governo federal, metade do 13º foi paga em julho. A dimensão da outra metade pode ser vista nos dados do Tesouro. Entre novembro e dezembro de 96, a folha de pagamentos cresceu de R$ 3 bilhões para R$ 4,8 bilhões. Há efeito de encargos e férias com mais 1/3, mas o impacto maior é do 13º.
Sobre Estados e prefeituras, cujos dados são esparsos e precários, a pista pode ser o ICMS.
A arrecadação desse imposto gira em torno de R$ 5 bilhões por mês. Se 80%, em média, são comprometidos com pagamento de pessoal, é possível estimar algo como R$ 4 bilhões a mais neste final de ano, por conta do 13º.

LEIA MAIS sobre dicas para o 13º e seu impacto nas vendas na pág. 2-6

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