São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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Turismo deve ter queda entre 5% e 10%

JOSÉLIA AGUIAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O verão não será nada quente para o turismo no país. Pelo menos segundo a avaliação dos empresários do setor.
Com o pacote fiscal, a temporada deverá sofrer uma queda entre 5% e 10%, de acordo com estimativa da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagem), que representa cerca de 2.700 agências de viagem do país, responsáveis por 70% do movimento no segmento.
Em um clima recessivo, o turista brasileiro deverá ficar mais desencorajado para viajar.
O pacote pode inibir principalmente a vinda daqueles que trariam divisas para o país, os visitantes do exterior.
A nova tarifa de embarque -que, se não for revista, deve passar de US$ 18 para US$ 90-, pode fazer com que turistas estrangeiros mudem de rota. E escolham paraísos tropicais concorrentes, como os do Caribe.
Mercosul
O presidente da Abav, Sérgio Nogueira, diz que as agências que operam no Mercosul vão sofrer mais o impacto das medidas. "Em alguns casos, o preço da tarifa vai representar quase 60% do valor da passagem."
O receio do estrago se deve ao número de turistas do Cone Sul que chegam ao país.
Empresários do setor afirmam que a nova tarifa não deve inibir o turista nacional ou estrangeiro que adquire pacotes acima de US$ 2 mil por pessoa, por exemplo.
Mas fará diferença para quem pretendia cumprir de avião rotas como a Buenos Aires/Rio de Janeiro, que custa em torno de R$ 200.
"Esse mercado é muito volátil e competitivo. Às vezes por uma diferença de US$ 30, o turista escolhe outro destino", avalia Alfredo Lopes, presidente da Abih (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira).
Sérgio Nogueira, da Abav, diz que o turista estrangeiro costuma se indignar diante de preços como o de US$ 90 para uma tarifa de embarque. "Ele não vai pensar duas vezes para ir ao Caribe."
Viagem de incentivo
A nova tarifa também pode retirar o Brasil da mira de empresas que promovem as chamadas viagens de incentivo -que premiam funcionários que se destacam.
João Roberto Correia, da agência de viagens Gandara, no Rio de Janeiro, diz que recebeu na última semana o comunicado de uma empresa da Espanha que planejava trazer 450 funcionários para o Brasil em maio de 1998.
No fax, a empresa avisou que, se a nova tarifa passar a vigorar, desistirá do pacote.
"Se o aumento for confirmado, a empresa terá uma despesa adicional de US$ 40.500", diz Correia.
Francisco Havas, da agência de viagens Havas, também sediada no Rio de Janeiro, recebeu comunicado semelhante.
Uma empresa francesa que premiaria 220 funcionários com uma viagem ao Brasil em janeiro de 1998 também lhe enviou um aviso demonstrando a intenção de cancelar o roteiro. Havas diz que atende a cada ano a uma média de 30 grupos como esse.
"A nova tarifa vai matar o turismo receptivo", diz João Correia, da Gandara. Ele estima que a vinda de estrangeiros ao país pode ter queda de até 50%.

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