São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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Cabeças

RODRIGO BUENO

Agora que resta apenas um jogo para o término das eliminatórias do Mundial de 98, a Fifa passa a quebrar a cabeça com outra questão: classificar os times participantes em cabeça-de-chave e cabeça-de-bagre.
O critério para escolher as oito equipes dominantes, aquelas que têm o privilégio de liderar as chaves, é, no mínimo, dúbio.
França, o país-sede, e Brasil, o atual campeão, são, pelos apostos descritos, legítimos cabeças-de-chave. Até aí tudo bem.
O problema está em apontar os outros seis "tops" da Copa. Para isso, a Fifa vai levar em conta a campanha nos Mundiais passados e, de forma pioneira, o ranking da entidade.
Alemanha, Argentina e Itália tiveram grande presença nas últimas Copas, mas, com base no ranking divulgado esta semana, somente os alemães, segundos colocados, justificam plenamente a provável escolha.
Em contrapartida, a Inglaterra, que ocupa a sexta posição no ranking da Fifa, não jogou na Copa dos EUA, o que quase a deixa fora da briga.
Ainda pelo ranking, Espanha, Romênia, Dinamarca e Colômbia merecem a condição de cabeça-de-chave. Apenas os espanhóis, com bom retrospecto nos últimos Mundiais, figuram entre os possíveis beneficiados.
Os romenos e os belgas jogam suas fichas nas surpreendentes campanhas de 94 e 86, respectivamente. Já a Holanda, que foi só razoável em 90 e 94 e é a 12ª no ranking, corre por fora.
João Havelange, ainda a voz mais forte da Fifa, acenou com a possibilidade de um africano ser cabeça-de-chave. A Nigéria, então, surgiu como a melhor opção. Mas os campeões olímpicos ocupam apenas a 71ª colocação no ranking da Fifa.
Se escolher os cabeças-de-chave parece um bicho de sete cabeças, definir quem serão os cabeças-de-bagre não deve dar dor de cabeça. Novatos como Jamaica e Japão ainda têm que dar muita cabeçada para ganhar respeito no futebol.

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