São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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Torcedor do futuro

TELÊ SANTANA

O episódio da suspensão da Gaviões da Fiel fez com que eu me lembrasse da verdadeira essência do futebol profissional, que é proporcionar momentos de lazer a quem assiste aos jogos, a quem está pagando o ingresso.
O prazer, todavia, não é só deles. O prazer também é de quem entra em campo, de quem joga, de quem faz ou deveria fazer o espetáculo. Pelo menos era assim nos anos 50, nos 60 e nos 70.
Eu, que participei do show como torcedor, depois como jogador e, finalmente, como treinador, só posso lamentar o que está acontecendo hoje em dia. Quem viu estádios lotados, com bandeiras, fogos de artifício, uma massa incentivando os jogadores e hoje vê os campos às moscas, só pode lamentar a situação.
Quantos de nós não deixamos de levar nossos filhos, netos e mulheres aos campos de futebol? Quem não teme a violência? Quem não teme uma desgraça, como a que vimos naquele São Paulo e Palmeiras, no Pacaembu, em agosto de 1995, que até morte ocasionou?
Só por muito amor ao futebol a gente continua lutando, tentando modificar essa triste realidade.
Nesse sentido, é com enorme prazer que eu vejo meus netos Diogo e Bruno indo aos estádios, mostrando interesse pelo futebol. O Bruno está na escolinha de futebol, o Diogo também pratica o esporte. Infelizmente, numa das partidas acabou fraturando a tíbia.
De qualquer forma, sinto que tanto um como o outro têm condições de fazer carreira, construir uma história no futebol. Mas, mais importante do que isso, é o amor que demonstram pelo esporte.
Até minhas netas Mariana e Camila têm ido aos estádios. Acho isso muito bom, porque o futebol é uma festa popular.
E é como pai de família e avô de Diogo, Bruno, Mariana e Camila, uma nova geração que começa a seguir com paixão o futebol, que eu peço aos torcedores que voltem aos estádios, torçam, gritem, aplaudam, apupem, mas, ganhando ou perdendo, não pratiquem violência. Afinal, o que vale mesmo, mais que o próprio resultado, é a emoção de um belo espetáculo.

E-mail: tele@gold.com.br
O técnico Telê Santana, 65, escreve na Folha aos domingos

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