São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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PM começa a ser julgado por chacina

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Com um telão no plenário, uma testemunha de acusação grávida de nove meses e novas testemunhas de defesa, começa hoje o julgamento do ex-PM Arlindo Maginário Filho, segundo réu na chacina de Vigário Geral.
O julgamento será no 2º Tribunal do Júri e deve durar de dois a três dias. Quatro anos e três meses após a chacina, as famílias das vítimas não receberam indenização.
Maginário é apontado pela promotoria como um dos líderes dos "Cavalos Corredores", o grupo de encapuzados que entrou na favela de Vigário Geral em 23 de agosto e matou 21 pessoas.
O advogado de Maginário, Maurício Neville, diz que ele é inocente. Neville ficou conhecido depois de conseguir a absolvição de Marcos Vinícius Borges Emanuel, réu confesso na chacina da Candelária e condenado a mais de 200 anos de prisão no primeiro julgamento.
Uma das testemunhas convocadas pela defesa é o legista Nelson Massini, professor da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Massini assistiu à exumação dos corpos das vítimas. Com sua convocação, a defesa quer desqualificar gravações em fitas que inocentaram alguns réus, mas mantiveram a acusação contra Maginário.
As fitas foram analisadas pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e, embora questionadas pela acusação, foram consideradas verídicas. Massini deu declarações públicas afirmando que, embora as fitas não tivessem problemas técnicos, os diálogos poderiam ter sido combinados.
Outra novidade programada pela defesa é o depoimento de uma psicóloga que traçou um perfil psicológico de Ivan Custódio, o informante que acusou os policiais.
A defesa quer desqualificar a palavra de Custódio. O informante é acusado de outros crimes. O corregedor da PM, Francisco de Paula Araújo, acompanhou parte das investigações e foi arrolado pela defesa. O objetivo da defesa é contrapor o depoimento dele ao do coronel Valmir Brum, também encarregado das investigações e arrolado pelo Ministério Público.
A acusação levará um telão de 1,75 metro, no qual serão exibidas imagens dos corpos das 21 vítimas. Vera Lúcia dos Santos, que perdeu oito parentes na chacina, está grávida de nove meses, mas vai depor. O primeiro réu julgado pela chacina foi Paulo Alvarenga, condenado a 449 anos de prisão.

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