São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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País perde US$ 494 mi em um dia

LUIZ CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A saída de dólares se intensificou nos últimos dias. Somente na segunda-feira, US$ 494 milhões deixaram o país.
O resultado acumulado no mês já chega a US$ 2,929 bilhões de saída líquida (já descontadas as operações de entrada de moeda norte-americana) e deve superar os US$ 3 bilhões.
Em outubro, quando a crise asiática chegou com violência a Hong Kong e atingiu grande parte das economias, o resultado foi uma fuga de mais de US$ 5 bilhões.
O que há de diferente no movimento de câmbio deste mês é o fato de o Banco Central não estar precisando vender dólares para atender a demanda, ou seja, o dinheiro que está saindo vem do caixa dos bancos.
Com isso, as reservas internacionais do país não devem sofrer grande impacto, como ocorreu no mês passado quando por vários dias a mesa de câmbio do BC precisou atuar vendendo moeda para conter o nervosismo.
O problema do é que nos últimos meses do ano as saídas de dólar costumam aumentar, por conta das remessas de lucros, royalties, entre outros pagamentos.
Além disso, vence um volume considerável de títulos emitidos por empresas e bancos brasileiros no exterior, estimado em aproximadamente US$ 3 bilhões nos meses de novembro e dezembro.
Em condições normais, esses papéis seriam renovados, o que representaria nova entrada de dólares, compensando as saídas.
Neste final de ano, no entanto, com a crise de credibilidade que atingiu as economias em desenvolvimento, a renovação será bem mais difícil.
O governo conta com pelo menos duas possibilidades para melhorar o fluxo de dólares, que representa em boa medida o termômetro mais preciso da confiança dos investidores estrangeiros.
Em segundo lugar, argumenta Franco, estaria havendo uma migração de muitas operações, o que vai fazer com que muitos eurobônus que estão vencendo sejam transformados em outras modalidades de crédito, como os empréstimos bancários diretos. Ainda que mais caros, essas operações representarão novo ingresso de recursos.
Bancos e corretoras estimavam no final da tarde de ontem que o fluxo de dólares no dia deveria ser mais uma vez negativo.

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