São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 1997
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PAS pode ter mais 10 bebês contaminados

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais dez bebês internados no berçário do Hospital Municipal Tide Setúbal, em São Miguel Paulista (zona leste de São Paulo), podem estar contaminados pela bactéria enterobacter, que já infectou dez recém-nascidos no mesmo local nas últimas semanas.
Apesar de ser apenas suspeitas -os exames só ficam prontos em cinco dias-, a direção do hospital, conveniado ao PAS (Plano de Atendimento à Saúde), ainda mantém esses bebês no mesmo berçário onde estão os pacientes comprovadamente infectados.
Desde setembro, infecções hospitalares na rede municipal já causaram 12 mortes -todas na maternidade de Vila Nova Cachoeirinha. Há também outros 12 recém-nascidos em observação no mesmo local.
O procedimento adotado no hospital Tide Setúbal é considerado inadequado por especialistas consultados pela Folha, que avaliam que o risco de contaminação dos pacientes sob suspeita aumenta nas atuais condições. Para o médico infectologista Vicente Amato Neto, o foco da infecção (o berçário) deveria ter sido isolado.
Ele diz que o argumento utilizado pela prefeitura para não ter feito a transferência dos bebês com suspeita de contaminação para outro hospital -risco de disseminação da bactéria (leia texto nesta página)- não justifica a manutenção dos bebês suspeitos junto aos já contaminados. "Com um bom isolamento, é possível fazer a transferência sem riscos."
O médico Fernando Carneiro, conselheiro do Conselho Regional de Medicina (CRM) que vistoriou o hospital anteontem, diz que a melhor solução é transferir os bebês com suspeita de contaminação para outro setor da maternidade.
"Infelizmente, o Tide Setúbal não dispõe de espaço físico, nem de funcionários suficientes ou equipamentos para deslocar esses dez recém-nascidos. Apesar de eles estarem tomando antibióticos como método de prevenção, na situação atual há risco", diz.
Irregularidades
O Conselho Municipal de Medicina (CMM) concluiu esta semana um relatório apontando irregularidades no Tide Setúbal, baseado em uma vistoria realizada em agosto deste ano.
Mas nada foi feito para sanar os problemas. A maior parte dos procedimentos irregulares foi constatada novamente anteontem, desta vez em vistoria do CRM. No lactário, por exemplo, as mamadeiras não são esterilizadas adequadamente e havia bolor nas paredes.
O hospital diz que ainda não recebeu documento do CRM comunicando sobre as irregularidades.

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