São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Esclarecimento; Barganha política; Discernimento; Crise eterna; Aborto; Verdade encoberta; Sociedade alienada; Livre mercado; Feira de artesanato

Esclarecimento
"Quero manifestar meu repúdio à reportagem 'PSDB expulsa prefeito simpático a Maluf', publicada à pág. 1-11 (Brasil), de 18/11. Ela não retrata a verdade dos fatos quando assume, de forma incerta, declarações que não prestei.
Recebi em meu município, como todos os prefeitos têm recebido, a visita do mencionado político, mas não emprestei e tampouco condicionei qualquer tipo de apoio ao mesmo.
A reportagem, de autoria do jornalista Rogério Gentile, com a colaboração de Bernardino Furtado, diz: 'A Executiva estadual do partido expulsou o prefeito da cidade de Icém (498 km a noroeste de São Paulo), Manoel da Costa Braga. Na semana passada, Braga teria declarado apoio a Maluf durante visita do ex-prefeito à região'.
O jornalista usa o condicional 'teria', confirmando, no meu entender, que a 'declaração de apoio' não fora feita por mim e que talvez ele tenha se utilizado de informações de terceiros.
Em outro parágrafo, a reportagem reflete incerteza e inconsistência ao afirmar que, 'Antes da expulsão, Braga dissera à Folha que, dependendo do nome que o PSDB lançasse, poderia apoiar Maluf. Ele afirmara, ainda, que considerava que, no PSDB, só Covas teria chances de vencer'."
Manoel da Costa Braga, prefeito municipal de Icém (Icém, SP)
Resposta do jornalista Rogério Gentile - No dia 17, por telefone, o prefeito disse ao repórter que apoiaria Paulo Maluf se o PSDB não tivesse um candidato com chances de vencer a eleição.

Barganha política
"Fiquei indignado com a bancada paranaense do PFL na troca de apoio político por empréstimos ao Estado, conforme noticiado na Folha, edição do dia 20/11.
Somos a favor de recursos para o Estado, bem como aos municípios, porém não é admissível os deputados agirem com irresponsabilidade, colocando os interesses dos servidores públicos em jogo, isto é, serem a favor da reforma administrativa, tão-somente pelo dinheiro. Onde está o respeito aos direitos dos servidores?"
Gilmar Carneiro (Ibaiti, PR)

Discernimento
"Todos os domingos, na Folha, tenho o prazer de ler a coluna de Antonio Ermírio de Moraes, pois acho que esse senhor tem participado com bom senso e serenidade nessa coluna. Em seu artigo 'Trabalho superando jogatina', de 2/11, Antonio Ermírio se superou a si mesmo. Meus fervorosos parabéns. Continue sempre assim."
Jorge Edo (São Paulo, SP)

Crise eterna
"Em economia política, define-se crise como sendo 'o ponto de transição entre uma época de prosperidade e outra de depressão, ou vice-versa'. Em nosso país, estamos convivendo com uma crise há mais de 15 anos, e o pior é que não se vislumbram indícios de superação desse 'flagelo', que está se transformando numa insuportável endemia."
Manoel dos Santos Fernandes (Porto Alegre, RS)
Nota vermelha
"Fiquei indignada quando li, na Folha, no caderno Mais!, em 2/11, as declarações da antropóloga Eunice Durham, responsável pela elaboração do Plano Nacional da Educação.
A antropóloga foi infeliz quando disse: 'Quem deveria tirar vermelho no boletim é o professor incapaz de aprovar 90% dos alunos nas séries iniciais do ensino público'. E continua: 'Aquele que não tiver um professor interessado e qualificado é quem vai repetir o ano', referindo-se ao aluno.
Como qualificar professores sem pôr em prática a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no que se refere aos recursos financeiros de 18% aplicados pela União e 25% pelos Estados, Distrito Federal e municípios da receita resultante dos impostos?
Como dizer que quase tudo 'precisa de um corretivo', se nesse 'tudo' não se inclui o Estado, que deve levar nota vermelha pela má distribuição de verbas destinadas à educação?"
Neizy Cardoso (Jundiaí, SP)

Aborto
"Sempre bem lembrada a posição da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em consonância com a Igreja Católica, alertando os legisladores, os políticos e o povo que se deve refletir se os nossos pais também fossem abortadores.
Quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir sabe que, uma vez concretizada a concepção, aí está o ser humano em corpo e espírito. Portanto, aborto é homicídio."
Manuel Morales (São Paulo, SP)

Verdade encoberta
"Todos sabem que há um grande véu de hipocrisia ocultando a realidade dos fatos relativos ao uso de drogas, especialmente a maconha. Por que os sábios juristas que agora se manifestam nunca exigiram a prisão dos atores da TV, por exemplo, quando ostensivamente sugerem que a bebida alcoólica é o 'must'?
Como só existe unanimidade científica quanto aos malefícios do álcool, não estaria 'o véu' encobrindo uma simples questão mercadológica?"
Marcos de Gusmão Lambert (Lagoa Santa, MG)

Sociedade alienada
"Há muito venho coletando exemplos de um comportamento de 'desligamento', ou alheamento, mesmo a fatos relevantes, na sociedade brasileira.
Os sintomas são semelhantes, tanto na protelação de medidas sociais ou econômicas, que vão sendo 'empurradas' para a última hora, quanto no recente 'esquecimento natural' de uma data nacional.
Pesquisei em grandes jornais que nem sequer publicaram a frase: hoje é o dia da nossa bandeira.
Não seria o caso de os 'ainda pensantes' do país resolverem promover debates sobre as causas e consequências do comportamento de alheamento? Omitir-se é alhear-se e sinal de ter sido, também, contagiado pelo mal que, a meu ver, é o maior fenômeno de massa negativo e atual do Brasil."
Ludwig Santos (Rio de Janeiro, RJ)

Livre mercado
"Meus efusivos cumprimentos à jornalista Eleonora de Lucena pela clareza e inteligência de seu artigo 'Neo-espertos de porre', que revela a sutil 'lógica' do mercadismo, segundo a qual 'o lucro é religiosamente privado, e o prejuízo deve ser devidamente socializado'..."
Antonio Delfim Neto, deputado federal pelo PPB (Brasília, DF)

Feira de artesanato
"Soubemos, estarrecidos, que o prefeito de São Paulo, Celso Pitta, pretende transferir a feira de artesanato que há muitos anos se realiza na praça da República para a praça Roosevelt. Isso nos lembra um antigo prefeito do interior que queria transferir o 7 de setembro para o mês de dezembro a fim de não atrapalhar as aulas. Seria bom que algum assessor tentasse explicar ao alcaide que a feira é um referencial cultural da cidade e, como tal, não é transferível."
Jaime Pinsky e Carla Bassanezi, historiadores (São Paulo, SP)

Texto Anterior: O direito constitucional ao aborto legal
Próximo Texto: ERRAMOS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.