São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dinheiro de energética pagará 13º no MT

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O governo do Mato Grosso vai utilizar mais da metade dos R$ 170 milhões que espera receber pela venda da Cemat (Centrais Elétricas Mato-grossenses), privatizada ontem, para regularizar salários do funcionalismo estadual.
"As finanças do Mato Grosso ainda estão bastante apertadas", disse o governador após o leilão.
Oliveira ainda não tem certeza de que receberá os R$ 170 milhões. Há uma resolução do Senado determinando que os Estados usem 50% do que arrecadarem em privatizações para pagar dívidas.
Segundo Oliveira, o Mato Grosso já está comprometendo 22% da sua receita mensal de aproximadamente R$ 75 milhões com o pagamento de uma dívida total de R$ 900 milhões. Por isso ele disse acreditar que já está cumprindo a resolução. "Mas ainda preciso ouvir minha área jurídica", disse.
A Cemat foi vendida para um consórcio formado pelo grupo Rede, de São Paulo, especializado em energia elétrica, e a Inepar, do Paraná, especializada em energia elétrica, telecomunicações e produção de equipamentos pesados.
O consórcio ofereceu R$ 391,5 milhões -ágio de 21,08% sobre o preço mínimo (R$ 323,3 milhões).
A parcela do valor da venda que não irá para o Estado será dividida pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que antecipou dinheiro ao Mato Grosso, e pela Eletrobrás, que havia comprado 47,5% do capital da empresa como parte dos preparativos para a privatização.
O BNDES vai financiar o consórcio comprador com 50% do preço mínimo (R$ 161,65 milhões).
Foi o primeiro leilão de privatização do setor elétrico que não teve nenhum grupo estrangeiro como participante direto dos grupos que disputaram a compra.
A presença estrangeira ficou por conta de uma participação de 36% que a CSW (Central South West), dos EUA, tem no capital total da holding do grupo Rede. O outro participante foi o grupo mineiro Cataguazes-Leopoldina, cujo maior lance foi de R$ 391 milhões.
Desempate
Pela primeira vez nas privatizações estaduais, foi preciso um "segundo turno" de viva voz para desempatar um leilão feito por meio de entrega de envelopes fechados.
A regra da venda da Cemat estabelecia a necessidade de um leilão de viva voz (os interessados anunciam suas propostas) complementar, se a diferença entre o primeiro e o segundo colocados da fase dos envelopes fosse inferior a 10%.
A diferença entre os lances iniciais dos dois grupos participantes foi de cerca de 3%. O maior havia sido o do Cataguazes-Leopoldina.
No leilão de viva voz que se seguiu, porém, venceu a maior agressividade do Rede-Inepar.
Antes do leilão da Cemat, foi lida uma notificação da 11ª Vara Cível do Mato Grosso, alertando os interessados na empresa sobre a cobrança judicial de uma dívida de R$ 13 milhões.
Quem cobra a dívida é a empresa Amper, pertencente a Armando de Oliveira, irmão do governador Dante de Oliveira.

Próximas privatizações do setor elétrico: Energipe (Empresa de Energia Elétrica de Sergipe S/A), em 3/12; Cosern (Companhia Energética do Rio Grande do Norte S/A), em 12/12

Texto Anterior: Empresa não cumpriu trato, diz bispo da Igreja Católica
Próximo Texto: Leilão misto vai virar padrão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.