São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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'Como Ser Solteiro' diverte Brasília

JOSÉ GERALDO COUTO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A platéia do Festival de Cinema de Brasília, tida como a mais politizada do país, rendeu-se anteontem ao saboroso besteirol da comédia "Como Ser Solteiro", de Rosane Svartman.
O filme foi aplaudido várias vezes durante a projeção e, ao final, só não recebeu uma ovação maior por culpa do excesso de carioquismo de seu desnecessário epílogo.
O longa desta noite na mostra competitiva é "Anahy de las Misiones", de Sérgio Silva, que também estréia hoje em São Paulo (leia crítica à pág. 4-13).
Uma certa idealização do Rio (sol, mar e prazer) está presente em cada imagem e em cada diálogo de "Como Ser Solteiro".
Acompanhando as peripécias amorosas de um grupo de jovens da zona sul, o filme é uma espécie de versão juvenil de "Pequeno Dicionário Amoroso", com menos apuro técnico e mais vitalidade.
Há a clássica situação dos dois pares de amigos -duas garotas e dois rapazes- que exercem a "solidariedade de sexo": as amigas se aconselham e consolam contra a cafajestice dos homens, os amigos aperfeiçoam mutuamente sua própria cafajestice.
Uma das garotas (Cássia Linhares), revoltada com o priapismo do namorado (Heitor Martinez Mello), vira lésbica e candidata ultrafeminista a vereadora. O tal namorado radicaliza seu machismo e lança uma manual para caçar mulheres, "Como Ser Solteiro no Rio de Janeiro".
Seus dois amigos (Rosana Garcia e Ernesto Piccolo) constituem o pólo oposto: no fundo, só querem casar e ter filhos, como em qualquer novela das seis. Nesse registro de farsa, quem rouba a cena é Marcos Palmeira, como o rapaz que foi para Nova York e voltou gay.
No mais, figuras-símbolos da cidade -Evandro Mesquita, Fernando Gabeira, Bussunda- desfilam por um Rio de cartão postal.
Tudo bem. No fundo, todos gostamos de nos iludir com a mitologia dessa cidade solar, dionisíaca e, sempre, maravilhosa.

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