São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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Embargo deixa crianças iraquianas desnutridas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O acordo "petróleo por comida" entre o Iraque e a ONU fez muito pouco para melhorar a situação das crianças iraquianas, disse o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Segundo o acordo, o Iraque, sob embargo econômico da ONU desde 1990, pode vender uma quantidade acertada de petróleo e, com o dinheiro da venda, comprar alimentos e medicamentos para aliviar os efeitos do embargo na população civil.
"Está claro que as crianças estão pagando o preço pelas dificuldades financeiras atuais", disse Philippe Heffink, representante do Unicef em Bagdá. "Não houve nenhum sinal de melhora" após a implementação do acordo "petróleo por comida", disse ele.
O governo iraquiano disse ontem que não está disposto a renovar o acordo até resolver assuntos relacionados com a sua implementação, como contratos, distribuição de produtos e cartas de crédito.
Segundo o acordo, o Iraque pode exportar US$ 2 bilhões em petróleo para serem usados na importação de produtos.
O acordo é válido até o início de dezembro, quando será rediscutido entre o Iraque e a ONU. Diplomatas na ONU disseram que o valor das vendas poderia ser elevado a US$ 3 bilhões.
Segundo pesquisa feita pelo Unicef, em cooperação com o Ministério da Saúde do Iraque, cerca de 960 mil crianças iraquianas com menos de cinco anos (32% do total) sofrem de desnutrição crônica. O número representa um aumento de 72% em relação a 1991, um ano após a imposição do embargo econômico, em represália à invasão do Kuait pelo Iraque (agosto de 1990).
A desnutrição é mais grave em algumas regiões do país. Em Missan (leste), quase metade das crianças com menos de cinco anos sofre de desnutrição. Um dado positivo do estudo é que cerca de metade das crianças pesquisadas recebeu pelo menos uma dose de vitamina A.

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