São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997 |
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Desmatamento em RO aumenta 20,6%
MARCOS PIVETTA
Até 94, 4.267.228 hectares tinham sido desmatados no Estado. No final do ano passado, a área com floresta destruída já alcançava 5.149.386 hectares, equivalentes a 21,6% do território total de Rondônia. "Até o final deste ano, prevemos que a área total desmatada deve atingir 5,4 milhões de hectares, representando 22,7% do território do Estado", disse o engenheiro florestal Eraldo Matricardi, funcionário da secretaria e um dos autores do estudo. Além da secretaria, o trabalho contou com a colaboração do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Segundo Matricardi, o pior período de desmatamento foi entre 93 e 95, época em que a economia do país voltou a crescer significativamente. "Nesse período o desmatamento foi realmente elevado em relação aos anos anteriores", disse o engenheiro florestal. Os principais motivos apontados para o avanço do desmatamento foram o crescimento da pecuária extensiva e novas ocupações em áreas próximas a rodovias, como a BR-429 e a BR-421. Para fugir da reforma agrária, alguns donos de latifúndios que tinham terras com vasta cobertura vegetal também promoveram novos desmatamentos a fim de dar algum uso a parte de suas terras. Matricardi disse que a taxa de desmatamento deste ano deve ser mais ou menos semelhante à de 1996 -cerca de 270 mil hectares. Estabilização "Há uma tendência à estabilização da taxa, mas o problema é que essa estabilização se dá num nível muito alto", disse Matricardi. Se continuar desmatando anualmente cerca de 270 mil hectares, Rondônia perderá a cada 12 meses uma área de floresta equivalente a 1,1% do tamanho do Estado. Para Roberto Smeraldi, diretor do escritório brasileiro da entidade ambientalista Amigos da Terra, o aumento do desmatamento em Rondônia indica que o mesmo deve estar acontecendo em outros Estados da Amazônia. "A situação é muito preocupante. O aumento de desmatamento também deve estar ocorrendo em outros Estados, como Pará, Acre e Mato Grosso", disse Smeraldi. Para o Ibama, o fato de a taxa de desmatamento ter aumentado em Rondônia não quer dizer que o mesmo tenha ocorrido nos demais Estados da Amazônia. Cada Estado pode apresentar um tendência diferente em relação à destruição de floresta, informou o Ibama. Os dados do estudo foram feitos a partir da análise de imagens do satélite Landsat, o mesmo usado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para calcular desmatamento na Amazônia. Pode haver discrepâncias entre os dados do estudo da secretaria e os do Inpe, porque as entidades usam metodologias diferentes na análise das imagens do Landsat. As áreas desmatadas pela ação das madeireiras não são captadas pelo Landsat, disse o engenheiro florestal Matricardi. Texto Anterior: Maioria aprova, diz prefeito Próximo Texto: Atrasam dados de 95 e 96 Índice |
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