São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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'Para o sistema de saúde teve dinheiro'

DA REDAÇÃO

Neste trecho o prefeito fala sobre o que fez e sobre o que adiou.
Folha - Se o senhor diz que tudo já estava previsto, então por que certas promessas do Orçamento de 97 não foram cumpridas?
Pitta - Como assim?
Folha - O fura-fila, por exemplo, não saiu do papel.
Pitta - O fura-fila está em dia. Esse programa está em ordem.
Folha - O senhor tirou R$ 150 milhões do projeto do fura-fila.
Pitta - Esse remanejamento se deu para o pagamento de subsídios à municipalização, para que não aumentasse a tarifa de ônibus.
Folha - E os outros programas? Obras contra enchentes...
Pitta - Se alguns programas foram paralisados, o foram para usar o dinheiro para outra prioridade. Entre a opção de paralisar o sistema de saúde, o PAS, ou desacelerar obras de infra-estrutura, eu optei por desacelerar obras. Porque o meu compromisso primeiro foi com manutenção do sistema PAS.
Folha - Voltando às promessas, foram prometidos e não iniciados seis novos corredores de ônibus.
Pitta - Entreguei o terminal Princesa Isabel (centro).
Folha - Construído pelo Maluf.
Pitta - Mas está lá.
Folha - Mas o senhor prometeu seis corredores, 23 parques...
Pitta - Espera um instante. Estou batendo às portas do BNDES para ver se há recursos para que eu abrevie o cronograma de obras.
Folha - As obras antienchente também eram prioridades.
Pitta - São. Mas, se tivemos que atrasar, eventualmente não iniciar algumas, OK. Mas o sistema de saúde teve dinheiro.
Folha - O próprio secretário Masato Yokota (Saúde) diz que o PAS vive sua pior crise. Há dívida com fornecedores, triagem de pacientes, falta de remédios. E há a infecção que matou 12 bebês no hospital da Vila Nova Cachoeirinha.
Pitta - Eu quero que você me ofereça uma solução para que o PAS atenda 100% a mais de pessoas com a estrutura com que foi montado. Ou você faz uma análise isenta da saúde nesta cidade, neste país, ou você não condena o PAS.
E a minha opção continua sendo a saúde, também por isso estamos com dificuldades. Deixamos de receber as verbas do SUS, mesmo atendendo uma demanda 100% maior. Agora, não me venha com o exemplo da infecção no hospital da Vila Nova Cachoeirinha, mesmo porque não sabemos cientificamente a causa dessa infecção.
Folha - Mas, para o paulistano, interessa saber que o PAS está com falta de medicamento.
Pitta - Não faça uma avaliação dessas...
Folha - Nós fizemos um levantamento. Há postos do PAS com apenas 30% do estoque de remédios.
Pitta - É injusto você falar "o PAS". Por que você não falou a saúde pública no Brasil?
Folha - Porque estamos falando com o prefeito, não com o presidente.
Pitta - O gasto com saúde por habitante do município é muitas vezes superior ao gasto por outras esferas de governo. O orçamento da Secretaria da Saúde é superior a R$ 1 bilhão. Isso dá mais de R$ 100 por habitante. No geral, gastamos com Saúde 20% do total do Orçamento. O Estado, se não me engano, gasta 8%. O governo federal nem percentual tem. Então, é muito cômodo tentar atingir o PAS.
Eu tenho outro compromisso. Faça uma pergunta para encerrar.
Folha - O senhor disse que até março acabam os problemas de caixa, porque a receita se concentra nesses meses com pagamento do IPTU e do IPVA. Mas o senhor não pode usar todo esse dinheiro no começo do ano e ficar sem nada para o resto dos meses.
Pitta - Vamos fazer uma conta. Estamos falando de R$ 6,5 bilhões de arrecadação e eu estou dizendo R$ 1,5 bilhão nos três primeiros meses. Então nós vamos ter nos outros nove meses mais R$ 5 bilhões a fluir no caixa.
Folha -Nós temos aqui algumas fotos da situação da cidade. Temos aqui o largo do Arouche cheio de mato, a 23 de Maio cheia de mato. O parque Dom Pedro...
Pitta - Só coincidentemente, a área central, onde se insere o largo do Arouche, é objeto da nossa maior intervenção no sentido de recuperar a região. Também passei pela 23 de Maio e vi o pessoal da regional cortando mato lá.
Folha - Reportagem da Folha de hoje (sexta) mostra que só 11 das 160 equipes de conservação de praças estão trabalhando.
Pitta - Pode ter havido alguma redução em termos de conservação de jardins ou de atividades que eu reputo serem importantes, mas que colocadas lado a lado com essa prioridade que defini, elas naturalmente terão de ser sacrificadas.
Folha - Mas, se o senhor fosse só um morador, não o prefeito da cidade, que opinião teria de um prefeito que deixasse a cidade assim?
Pitta - Encerro. Desculpe.

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