São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Crise asiática favorece negócios da China

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Queda nas Bolsas, crise financeira, ataque especulativo, alta dos juros, pacote fiscal.
Nos últimos 40 dias, uma nuvem preta e carregada de maus presságios chegou para ameaçar a estabilidade econômica a que o país estava quase habituado.
Antes de se desesperar de vez, dê uma boa olhada ao redor.
O momento pode ser propício para aproveitar boas oportunidades de negócio, algumas geradas pela própria crise, outras anteriores, mas cujos atrativos crescem em meio ao baixo astral.
Nenhum ativo representa melhor a categoria das pechinchas originadas pela crise do que as ações da Telebrás. Os papéis foram o ícone do otimismo da Bolsa no primeiro semestre, subindo mais de 120% até julho. E afundaram a partir de então.
"As ações da Telebrás estão realmente baratas. Recomendamos comprar", diz o analista do Bozano, Simonsen, Alexandre Gãrtner.
Segundo ele, a ação teria de subir 40% para chegar ao seu preço justo, calculado em R$ 160.
Mas o próprio analista ressalva que, embora esse seja o preço considerado justo, as ações podem não chegar a ele se, por exemplo, o cenário externo piorar.
Em se tratando de Bolsa, não se pode esquecer o princípio básico do investimento: alto retorno e risco elevado são inseparáveis.
Para fugir do risco, muito investidor abriu mão de grandes rentabilidades após a crise.
"Tenho tido maior procura por flats depois da queda da Bolsa", diz Shirley Sorvilo, proprietária da Olivver Consultoria Imobiliária, especializada no comércio de flats.
Segundo Shirley, que se orgulha de dizer que 90% dos seus negócios são com investidores, um bom flat rende entre 0,9% a 1% ao mês em aluguel. "É um rendimento superior a imóveis normais."
Para alguns especialistas, o negócio não é tão bom. "As pessoas pensam em imóveis na hora da crise e depois ficam com um mico na mão", diz Paulo Possas, especialista em gestão de patrimônio.
Outros acreditam que a oferta de flats em São Paulo está aumentando, o deve deprimir os preços.
Shirley aconselha: "para se fazer um bom negócio com flats, não vale a emoção. É preciso analisar o ponto, os concorrentes na mesma rua, a qualidade da construção e quem é o administrador".
Para Paulo Possas, opção melhor na área imobiliária está nos imóveis voltados a classes mais baixas.
"A procura caiu muito com a crise e a alta dos juros. Quem tiver dinheiro na mão vai comprar muito barato", diz ele.
Também para quem tem algum dinheiro guardado, pode ser uma boa ocasião para comprar eletroeletrônicos, eletrodomésticos e também automóveis, principalmente os de modelo 97.
"Os descontos podem chegar a 10% nas compras de eletroeletrônicos à vista", diz o economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Vladimir Furtado.
Ele explica que, com o aumento dos juros, o custo do dinheiro ficou muito caro e as lojas preferem "trocar mercadorias por dinheiro", principalmente aquelas que têm grande estoque.
A venda de carros também foi prejudicada desde que os financiamentos encareceram.
Principalmente os carros de modelo 97 tendem a ser vendidos com descontos maiores em função da chegada dos modelos 98.
"Mas o modelo 97 tem de ser, no mínimo, 15% mais barato que o 98. Caso contrário, não compensa, porque na revenda o 97 alcançará um valor de mercado menor", alerta Paulo Possas.
Ele descarta totalmente os carros usados. "Continuam sendo um mico, na compra e na venda."

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