São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Entidades apostam no assistencialismo

DA REPORTAGEM LOCAL

A nova fase do sindicalismo que está começando a se desenhar, pelo menos no Brasil, minimiza a ação puramente reivindicatória para valorizar um novo tipo de assistencialismo.
Assim, sindicatos com passado altamente combativo -como o dos bancários de São Paulo ou o dos metalúrgicos do ABC- investem na formação e habilitação de seus associados; buscam atender necessidades como moradia e dão atenção ao lazer.
O Sindicato dos Bancários de São Paulo e a Federação dos Empregados no Comércio do Estado de São Paulo têm exemplos bem-sucedidos de cooperativas habitacionais, que funcionam para seus filiados.
Para o secretário do Trabalho de São Paulo, Walter Barelli, esse é um bom caminho. Segundo ele, mais de 300 mil trabalhadores desempregados de São Paulo já foram treinados em programas conjuntos de sua secretaria com 60 sindicatos do Estado.
Mas, para o deputado Luiz Gushiken (PT-SP), egresso do sindicato dos bancários, o sindicalismo não pode se descolar da globalização da economia e tem de encontrar formas de atuação internacional.
"É preciso uniformizar regras. Não se pode reduzir jornada de trabalho em um só país."
O deputado afirma, ainda, que os sindicatos vão "readquirir o vigor" na luta pelo emprego. "Os sindicatos estão institucionalmente fracos, mas não estão mortos historicamente", aposta.
Juntamente com o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ricardo Berzoini, Gushiken levanta mais uma bandeira que poderá fortalecer a ação sindical: estimular as entidades a montar fundos de pensão para complementação da aposentadoria.
Para isso será necessário mudar a legislação, mas o deputado aguarda a votação da reforma da Previdência no Congresso para deflagrar sua campanha.

Abaixo a CLT
"Está na hora de fazer a reforma trabalhista", diz Walter Barelli. Ele bem que tentou quando era ministro do Trabalho, no governo Itamar Franco (1992-94), mas encontrou resistência entre trabalhadores quanto e empresários.
A reforma que Barelli defende -assim como teóricos das questões trabalhistas- visa a um modelo que privilegia a autonomia das partes para a negociação. Patrões e empregados definiriam acordos, sem a "camisa de força" que muitos vêem na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
A idéia soa bem. Poderia até fortalecer o papel dos sindicatos, mas para Almir Pazzianotto, ministro do Tribunal Superior do Trabalho, talvez os trabalhadores ainda não estejam preparados para perder conquistas introduzidas pela CLT.

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