São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
Próximo Texto | Índice

UM MÊS DO CRASH GLOBAL

Há um mês ocorreu o crash global. Nos últimos dias, porém, os mercados foram tomados por uma sensação de que, se não houve alívio, ao menos a crise arrefeceu. A situação por ora parou de piorar. Mas, como alertou o ex-ministro Rubens Ricupero em seu artigo de ontem nesta Folha, a rigor a crise dura já seis meses. Se há um esgotamento do pessimismo e até alguma esperança de que cenários de catástrofe não se confirmem, o pendor otimista soará estranho ainda por certo tempo.
O processo de ajuste às novas condições nos mercados internacionais de capitais talvez esteja apenas começando. Os "pacotes" editados nos mercados emergentes da Ásia ou da América Latina inspiram alguma confiança, mas convivem com notícias de mais dificuldades em países que até há pouco estavam fora do noticiário, como Rússia, Índia ou Canadá. Seja por oscilações nas suas Bolsas, seja por sofrerem também as suas ondas de desvalorização cambial, esses casos mostram que a crise global parece apenas prosseguir num certo estado de latência.
Aliás, em psicologia, estados de latência são definidos como a presença de elementos psíquicos esquecidos numa esfera subliminar da consciência, de onde podem ressurgir a qualquer momento. Assim, não se fala mais em pânico, mas subsiste um medo crônico. Entretanto, não se trata só de um fenômeno psicológico. A diferença entre essa crise e episódios anteriores, como ressalta Ricupero, é que agora foi atingido o centro nervoso da finança global. Persiste um receio objetivo de que os EUA cresçam menos ou de que a Bolsa de Nova York volte a cair muito.
Nesse contexto, o cenário predominante para a economia brasileira é de um aperto fiscal e monetário ainda muito rigoroso até pelo menos o final do primeiro trimestre de 1998.
Um mês depois do crash, o futuro imediato é inquietante. E o mais distante continua muito incerto.

Próximo Texto: CONCORDATA MUNICIPAL
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.