São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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'quando minha neta não vem, sinto um vazio'; criança pode aproveitar para fazer jogo com pais

FRANCISCO B. ASSUMPÇÃO JR.

'quando minha neta não vem, sinto um vazio'
"Quando a minha neta nasceu, minha filha ficou seis meses com ela. Depois, voltou a trabalhar. A Carla, hoje com dois anos, fica o dia inteiro comigo e com meu marido, só voltando para a casa dos pais à noite. É um prazer muito grande cuidar dela. É importante para a criança ficar em seu núcleo familiar, ter o carinho e a atenção que em um berçário ela não teria. Eu trabalho à noite, das 19h às 22h, dando aulas. Não acho que seja puxado, pois meu marido ajuda também. O dia em que ela não está, fica um vazio. Eu me dedico muito à educação de Carla, mas discuto com minha filha os principais pontos. Por exemplo, ela me deu um livro sobre inteligência emocional. É mais fácil educar um neto do que um filho. A experiência de vários anos dá mais confiança para a gente. A Carla fica mais boazinha com a gente do que com os pais. Toda a carência de mãe que ela sente durante a semana ela quer descontar em apenas dois dias."
(Iolanda Hungaro da Silva, 56, professora)

criança pode aproveitar para fazer jogo com pais
Com a saída de cena da mãe, que passou a se dedicar ao trabalho, surgiu o problema "com quem deixar as crianças?".
Antes de deixar as avós cuidando dos netos, deve-se ponderar os problemas que essa situação pode trazer.
Na educação dessa criança, haverá dois tipos de valores: os dos avós, durante a semana, e os dos pais, para os fins-de-semana. A criança pode se aproveitar disso e estabelecer um jogo entre pais e avós para conseguir benefícios.
Outro problema é a alteração do sistema hierárquico da família. Por estarem ausentes, os pais passam a ser menos respeitados pela criança. Deixar que as avós participem em um contexto global é muito bom, mas atribuir a elas a tarefa específica de "mães substitutas" pode trazer reflexos negativos para o cotidiano da família.
(FAJr.)

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