São Paulo, quarta-feira, 3 de dezembro de 1997 |
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Comissão adia julgamento do caso Iara General questiona parecer ABNOR GONDIM
O general Oswaldo Pereira Mendes, representante das Forças Armadas na comissão, pediu vista do processo por discordar do voto favorável à indenização dado pela relatora do processo, Suzana Lisboa. Ela representa as famílias dos desaparecidos e mortos durante o regime militar (1964-85). "O caso será tão polêmico quanto o de Lamarca. O pedido da família de Lamarca foi atendido, mas motivou protestos dos presidentes dos clubes militares e do Ministério Público", disse o general. Segundo a versão das Forças Armadas, Iara praticou suicídio para não ser presa durante o cerco policial realizado em agosto de 71 ao prédio onde morava, em Salvador. Ela militou na VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e no MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) "O Estado não pode pagar indenização para quem resolveu se suicidar em um apartamento particular", disse o general. "Eu tenho votado favorável a pedidos de indenizações de pessoas mortas em dependências militares." O voto favorável da relatora é baseado em parte no rascunho do laudo elaborado na época pelo legista Charles Pitex. Segundo o rascunho, Iara foi morta com um tiro no peito esquerdo, disparado à queima-roupa. "Morte violenta (suicídio?)", questiona o médico, conforme a relatora. Suzana disse que a comissão já indenizou 18 casos em que as versões apontavam suicídios. Ela reconhece a inexistência de "provas cabais" sobre o assassinato de Iara. Mas diz ser inegável que ela morreu "sob a guarda do Estado, em cerco indiscutível, e por causa não natural". Ela inclui no relatório depoimentos e documentos das Forças Armadas. Na sessão de ontem, a comissão aprovou por 4 votos a 2 o pedido de indenização da família do estudante Eremias Delizoicov, ex-militante da VPR, morto durante operação militar em 69 no Rio. Texto Anterior: TCE afirma que CDHU dirigiu licitação e favoreceu empresas Próximo Texto: MST invade sede de ministério e do Incra Índice |
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