São Paulo, quarta-feira, 3 de dezembro de 1997
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Brasil crescerá entre 0,5% e 2%, diz BNDES

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

No telão do Centro de Conferências Rainha Elizabeth 2ª, o presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, projetou o duro efeito da crise sobre a economia brasileira: o crescimento em 98 será, na melhor das hipóteses, de 2%. Na pior, de magro 0,5%.
São cálculos do Departamento Econômico do BNDES ainda não divulgados no Brasil. No pior cenário, representam a mais baixa taxa de crescimento até agora prevista pelas autoridades desde o tufão asiático.
Mas Mendonça de Barros aposta na hipótese intermediária: crescimento de 1,5%, menos da metade dos 4% que vêm sendo a média dos anos FHC, como ministro da Fazenda e como presidente.
Tudo depende, como é óbvio, da queda mais rápida e mais acentuada dos juros (ver quadro), o que, por sua vez, depende da situação internacional.
Juros
Gustavo Franco, o presidente do Banco Central, foi perguntado mil e uma vezes quando e quanto os juros vão cair.
Como é óbvio, não respondeu, a não ser com o previsível: "A tendência é, naturalmente, de reduzi-los. Em que bases, dependerá da turbulência internacional e também da situação interna" (ou seja, do nível de atividade).
Gustavo Franco recusou-se também a fazer previsões sobre o crescimento econômico, a não ser com outro comentário óbvio: "Se os juros caírem mais rapidamente do que o antecipado, o impacto (sobre o crescimento) será menor".
Os dois membros da equipe econômica foram moderadamente otimistas em relação à turbulência internacional.
"Há indicações de que soluções regionais estão sendo encontradas e, se a crise se mantiver regionalizada (ou seja, na Ásia), o impacto sobre o resto do planeta será reduzido", disse Franco.
Mendonça de Barros foi mais otimista: "O grosso da crise asiática foi deixado para trás."
O presidente do BNDES citou a Rússia como eventual próxima bola da vez, mas disse que, nesse caso, o efeito sobre outros países seria pequeno. E viu até um resultado colateral positivo na desaceleração do crescimento mundial decorrente da crise: não haverá aumento dos juros nos EUA.
Se os EUA aumentassem seus juros, drenariam os já congelados recursos financeiros internacionais, que prefeririam estacionar na sólida economia norte-americana em vez de procurar os mercados emergentes, mais rentáveis, mas mais arriscados.
Um deles: os ativos a serem privatizados nos próximos três anos equivalem a formidáveis US$ 85 bilhões, o que corresponde a 12% de toda a riqueza que o Brasil produzirá este ano (o seu PIB, Produto Interno Bruto).

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