São Paulo, quarta-feira, 3 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Medo de evasão faz aumento ficar em 7%

MARTA AVANCINI; PRISCILA LAMBERT; RITA NAZARETH
DA REPORTAGEM LOCAL

O medo da evasão de alunos e da inadimplência deve manter os aumentos das anuidades das escolas particulares em 1998 na faixa dos 7%. Essa é a avaliação da Confenen (Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino), que reúne 40 mil escolas em todo o país.
Em São Paulo, de 18 escolas ouvidas pela Folha, 13 devem ter reajustes de até 7% (veja quadro ao lado). Segundo o índice da Fipe, a inflação de 97 em São Paulo deve ficar em 4,2%.
"A competitividade está grande. Se houver aumentos excessivos, vamos perder alunos", diz Sérgio Arcuri, representante de Confenen em São Paulo.
Ele estima que a inadimplência tenha chegado a 25% este ano em algumas escolas, especialmente de 1º grau. Já a evasão de alunos atingiu 8% no mesmo período. O colégio São Luís, de São Paulo, é um dos que sentiram os efeitos da perda de alunos. A escola resolveu aumentar os preços para 98 entre 1% e 2% na comparação com este ano.
"As mensalidades já estavam altas, até por conta de um número menor de alunos. Nossa perspectiva para 98 é inverter esse quadro e aumentar o número de matriculados", Roberto Prado diretor geral-adjunto do São Luís.
O Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo) faz uma avaliação diferente da situação para 98.
A entidade chega a falar em aumentos da ordem de 20%, em decorrência da aplicação da nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), que estabelece que 30% da grade curricular sejam definidos pelas escolas, o que, na avaliação do Sieeesp, pode causar aumentos superiores à média.
"Este é o ano de transição para a aplicação da nova LDB, e muitas escolas devem mexer em seus currículos", diz José Aurélio de Camargo, presidente do Sieeesp.
A Confenen vê pouca relação entre a nova LDB e aumentos de anuidade. "A inclusão de uma ou duas disciplinas no currículo não justifica aumento elevado, que só deve ocorrer no caso das escolas que estão realmente investindo em tecnologia", diz Arcuri.
Para a Associação Intermunicipal de Pais de Alunos, os pais devem ficar atentos às alterações curriculares, para verificar se elas realmente implicam aumento de custos para os estabelecimentos.
"O reajuste só se justifica caso o aumento do número de disciplinas signifique aumento da carga horária dos professores. Se isso não ocorrer, não há motivo para aumentos", avalia Mauro Bueno, presidente da associação. Ele considera justos reajustes da ordem de 5%. Segundo a Confenen, os custos com currículo e salário de professores ficam em torno de 40% do total das despesas de uma escola.
(MARTA AVANCINI, PRISCILA LAMBERT e RITA NAZARETH)

Texto Anterior: Comissão aprova piso básico de saúde
Próximo Texto: Alguns reajustes passam de 10%
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.