São Paulo, quarta-feira, 3 de dezembro de 1997
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Brasil pode ficar em 'grupo da morte'

MÁRIO MAGALHÃES

ENVIADO ESPECIAL A MARSELHA (FRANÇA)

Pela regra do sorteio, Inglaterra, Noruega e Nigéria têm chances de irem juntas ao grupo com time brasileiro

As regras do sorteio dos oito grupos da Copa do Mundo de 98 (quatro times cada) ameaçam o Brasil de ter de enfrentar na primeira fase três seleções fortes, como Inglaterra, Noruega e Nigéria.
O sorteio ocorrerá amanhã, a partir das 15h55 (horário de Brasília), em Marselha (sul da França).
Antes, no estádio Vélodrome, vão se enfrentar uma seleção européia e uma do resto do mundo, dirigida pelo técnico Carlos Alberto Parreira. No Mundial-98, Parreira será o técnico da Arábia Saudita.
Reunião da Fifa (entidade dirigente do futebol) de manhã reafirmou a posição de segunda-feira, publicada ontem pela Folha: além de Brasil (campeão) e França (anfitriã), serão cabeças-de-chave Alemanha, Itália, Espanha, Argentina, Romênia e Holanda.
Os seis foram escolhidos, nessa ordem, com base numa fórmula que combina o desempenho nos três últimos Mundiais (60% de peso) e a colocação no ranking da Fifa nos últimos três anos (40%).
O desempenho nos Jogos de Atlanta-96 não foi considerado, o que prejudicou a Nigéria, campeã.
O critério escolhido foi uma vitória política do presidente da União Européia de Futebol, o sueco Lennart Johansson.
Mas houve protestos, e não só dos africanos. A Inglaterra, atualmente em sexto lugar no ranking da Fifa, perdeu por não ter disputado a Copa de 94, que sozinha teve peso de 30% da fórmula.
Assim, duas seleções fortíssimas, entre as favoritas ao título -Inglaterra e Nigéria-, podem cair em qualquer grupo.
Pela tradição, os times favoritos eram cabeças-de-chave.
Na fórmula da Fifa, sem Brasil e França, a Inglaterra ficou em oitavo lugar, com 127 pontos e a Nigéria, em 15º, com 65.
Procedimentos
No sorteio, haverá globos transparentes com bolas plásticas no interior. Dentro das bolas, papéis com o nome dos países. Noutras bolas, a posição (dois, três ou quatro) que eles ocuparão nas chaves, o que definirá a ordem dos jogos.
Exemplo: cabeça (número um) do Grupo A, o Brasil abrirá a Copa no dia 10 de junho contra o número dois.
A primeira decisão será a das chaves (B, D, E, F, G ou H) dos seis últimos cabeças -o Brasil está no Grupo A e a França, no C. Depois, restam três globos para distribuição dos países pelos grupos.
Um globo terá cinco times africanos e três da América Central e do Norte. Em tese, o pior para o Brasil será a escolha da Nigéria, que o eliminou na Olimpíada-96.
A seguir, há um globo com os nove times europeus restantes.
A escolha mais dura para o Brasil seria a Inglaterra. A equipe de Zagallo também pode pegar a Noruega, que a bateu por 4 a 2 este ano.
Como são oito os grupos, sobrará um time europeu.
Num sorteio em separado, esse país cairá ou na chave do Brasil ou na da Argentina -caso contrário, um grupo poderia ter três europeus, o que a Fifa não permitiu.
É certo que o grupo do Brasil terá pelo menos um europeu. Há 50% de chances de haver um segundo.
Por último, um globo com três seleções sul-americanas e quatro asiáticas será sorteado.
Se o 15º europeu tiver caído no grupo brasileiro, este já estará completo, com quatro equipes.
Caso contrário, para não haver dois sul-americanos na mesma chave, obrigatoriamente um asiático entrará para a chave brasileira.
Um eventual "grupo da morte" (só dois times passam às oitavas-de-final) é temido pelo técnico da Inglaterra, Glenn Hoddle.
Ele disse não se importar em cair na chave do Brasil, mas teme que os outros adversários também sejam fortes.
Como em 94, cartões amarelos não vão acumular de um jogo para o outro -o atleta será suspenso apenas se receber dois amarelos numa partida e for expulso.
As grades entre público e gramado de oito dos dez estádios vão ser retiradas, mas serão mantidas grades para separar torcidas rivais.

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