São Paulo, quarta-feira, 3 de dezembro de 1997
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Japão pesquisa o clima tropical

RICARDO BONALUME NETO
DO ENVIADO ESPECIAL

Além de ser anfitrião da conferência sobre mudanças climáticas, o Japão está empenhado em financiar pesquisas fundamentais sobre o tema fora do país. Entre as áreas-chave estão os trópicos, incluindo a Amazônia brasileira.
O moderníssimo satélite japonês Jers-1 está hoje observando em detalhe as florestas tropicais do planeta. E há uma missa projetada para medir especificamente a quantidade de chuva nos trópicos.
O Jers-1 é diferente dos outros satélites que observam a Terra -chamados de sensoriamento remoto- por ser capaz de enxergar através das nuvens. Em vez de fazer observações apenas no espectro ótico (como a visão humana) ou em outros comprimentos de onda de radiação (luz) que são vulneráveis a nuvens no caminho, o satélite japonês utiliza também um radar de microondas.
O estudo chama-se Projeto Global de Mapeamento de Florestas Tropicais, é uma iniciativa da agência espacial japonesa Nasda e da agência americana Nasa e tem no Brasil a colaboração do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).
O diretor da agência espacial brasileira, que também chefia a delegação do país na conferência de Kyoto (antes da vinda do ministro da Ciência e Tecnologia, Israel Vargas), considera o projeto japonês importante por esta capacidade de enxergar por baixo das nuvens, um problema constante para a observação em uma região onde chove quase todo dia (a floresta não é chamada de "rain forest", floresta pluvial, por acaso).
Nos intervalos das discussões, Gylvan checava ele próprio um CD-ROM com dados de observações do Inpe sobre a Amazônia. Medir o dano à floresta é uma das atribuições do instituto. "Interpretar esses dados novos de microondas é mais difícil", diz. Mas os resultados podem compensar.
Outra missão japonesa ligada aos trópicos chama-se TRMM (Tropical Rainfall Measuring Mission, ou Missão de Medição na Chuva Tropical). O satélite foi projetado junto com a Nasa, e seu Radar de Precipitação é um instrumento único, projetado para medir a quantidade de chuva que cai nos trópicos.
O ciclo hidrológico -de onde vem, para onde vai e o que faz a água pelo caminho- é um dos elementos essenciais para a compreensão do clima terrestre -e das mudanças que o aquecimento do planeta deverá trazer.
(RBN)

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