São Paulo, quinta-feira, 4 de dezembro de 1997
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Greve contra 'Bibi' mobiliza 700 mil

MARCELO STAROBINAS
DA REDAÇÃO

Cerca de 700 mil trabalhadores israelenses do setor público aderiram ontem a uma greve geral que paralisou os principais serviços do país. O aeroporto de Tel Aviv, os trens, os bancos, a indústria militar e dezenas de empresas estatais deixaram as atividades para protestar contra a política econômica do governo.
A greve em Israel, que contou com a adesão de 12% da população, foi uma manifestação contra a política econômica do governo do premiê Binyamin "Bibi" Netanyahu, destacadamente sua proposta para a privatização no país.
A popularidade do premiê atingiu seu ponto mais baixo: 33% dos israelenses votariam em "Bibi" se houvesse eleições hoje, contra 47% para o líder da oposição trabalhista, Ehud Barak.
A greve geral de ontem reforça a tese de que a avaliação negativa do mandato do premiê tem um componente econômico. A reprovação não se resume à sua política em relação aos palestinos.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Israel em 96 foi de 4,4%, o menor aumento na década. Em 95, a taxa foi de 7%, e entre 90 e 95 a média foi de 6%.
O ano de 1996 registrou um decréscimo no nível de desemprego no país, que atinge apenas 6,4% dos trabalhadores do país. Essa marca, entre as menores do mundo, é notável, levando-se em conta a chegada de 70.600 novos imigrantes no ano passado.
Mas os trabalhadores israelenses temem o futuro incerto que o processo de privatização apresenta. Sofrem também a concorrência da mão-de-obra barata dos países do Oriente Médio.
"Os trabalhadores não estão entre os que vão lucrar com as novas medidas da privatização. Sentem que estarão do lado perdedor da história", afirma o "Globes", jornal financeiro israelense.
O estopim da greve foi uma declaração do ministro das Finanças, Yaacov Neeman, que comparou os trabalhadores aos terroristas do grupo extremista palestino Hamas. "Temos no país bombas que não fazem barulho, explosivas bombas de fabricação caseira", disse Neeman.
O Tribunal do Trabalho acatou um recurso do governo no final da tarde de ontem, e exigiu a volta ao trabalho dos grevistas. O final da greve só será decidido hoje. O presidente israelense, Ezer Weizman, convenceu ontem à noite o ministro Neeman e o líder da central sindical Histadrut, Amir Peretz, a voltar a negociar.
O premiê Netanyahu afirmou que, "como a maioria dos cidadãos", não entende o motivo da greve. "Não há justificativas. Eles têm de voltar já ao trabalho."
Processo de paz
O premiê de Israel irá explicar seu plano de retirada parcial da Cisjordânia para a secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright, em encontro em Paris, na sexta-feira. No sábado, Albright encontra-se com o líder palestino, Iasser Arafat.

Com agências internacionais

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