São Paulo, quinta-feira, 4 de dezembro de 1997
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O melhor candidato

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Não é só o governo que anda confuso a respeito de como arranjar dinheiro para equilibrar as contas públicas. Somos obrigados a acompanhar diariamente o noticiário econômico das folhas para sabermos quanto temos no banco e na poupança, quanto nos custa embarcar para fora ou desembarcar dentro de uma quebradeira.
A oposição -no singular mesmo- parece tão ou mais confusa. Para quem está de fora do jogo político, a impressão é que todos são candidatos, uns lançam os outros e alguns se lançam a si próprios. No fundo, cada sujeito que tem alguns votos aqui ou ali se julga uma opção e oferece seu nome à consideração geral da plebe.
De certo, mesmo, temos dois candidatos a presidente: o próprio e o Enéas. Tinham razão as bruxas que presidiram ao meu nascimento e me profetizaram amargo destino. Ter de escolher entre os dois é dose. Dispensaria esse vexame suplementar.
Bem verdade que, depois de muita enrolação, Lula declarou que aceita ser candidato. Já aceitou duas vezes no passado. E o fez com maior entusiasmo. Desta vez, vem tão encabulado que parece balão de ensaio.
Fica aberto o espaço para o chamado "fato novo". Ciro Gomes ainda não é fato e deixou de ser novo, creio que já lançaram seu nome para ver em quê que dava. Itamar anda acabrunhado e exagerou na mineirice. Daria um excelente embaixador no Vaticano desde que se casasse com a namorada.
Sarney é como o Botafogo dos velhos tempos. Se bobearem ou morrerem pelo caminho, ele chega lá. ACM tem som e fúria, mas nem o bom baiano que foi Ruy Barbosa chegou a presidente.
Se dependesse de mim, eu sugeriria aquela sacola de veludo que antigamente se usava no jogo de víspora. Convocaria um menino cego e de bom comportamento, ele meteria a mão na sacola e tiraria uma bolinha com um nome. Talvez desse mais certo. Dando ou não dando, fica aí a sugestão.

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