São Paulo, sábado, 6 de dezembro de 1997
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Polícia ocupa maior favela de São Paulo

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de 600 policiais civis e militares ocupam desde a tarde de ontem a favela Heliópolis (zona sudeste), a maior de São Paulo, com cerca de 80 mil habitantes.
A ocupação deve durar pelo menos 15 dias, segundo os comandantes das duas polícias.
Essa é a primeira vez que a polícia de São Paulo ocupa uma favela para combater a criminalidade. É também a primeira ação conjunta das Polícias Civil e Militar desde uma reunião na semana passada entre os comandantes das polícias e o secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, para reduzir a criminalidade na cidade.
Logo nas primeiras horas de operação, a polícia descobriu uma rede de túneis usadas por traficantes para escapar de cercos policiais.
a Polícia Militar enviou para Heliópolis 496 homens do Comando de Policiamento de Choque (CPChoq), que devem permanecer no local nos próximos 15 dias.
Segundo o tenente-coronel Ruy César Melo, comandante-interino do CPChoq, a ação foi motivada por um tiroteio no bairro que deixou dois PMs feridos, no último sábado.
"O objetivo é devolver a tranquilidade aos trabalhadores que vivem na favela. A ação de traficantes está muito ostensiva, com assaltos, cobranças de pedágios e mortes de inocentes. A polícia precisa devolver a favela à comunidade", afirmou Melo.
A PM está usando na operação 65 carros, 12 caminhões, 22 motos, 22 cães, 10 cavalos e dois helicópteros. A base foi montada em frente ao hospital Heliópolis.
Já a Polícia Civil mandou equipes especializadas do Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos) e do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) em busca de supostos assassinos e traficantes.
A Polícia Civil participou ostensivamente da operação apenas no primeiro dia e deve voltar à favela quando for chamada pela PM.
"Há uma inversão de valores em Heliópolis, com bandidos dando as cartas. A polícia precisou intervir para restabelecer a ordem e dar segurança", declarou o delegado Marco Antônio Ribeiro de Campos, diretor do Denarc.
Até as 19h de ontem, além de ter descoberto a rede de túneis, a polícia havia prendido dois homens procurados acusados de homicídios, três por porte ilegal de armas e um por tráfico de drogas.
Míssil
Em outra favela, a Pedreira, em Santo Amaro (zona sul), o Denarc apreendeu ontem à tarde três mísseis antiaéreos e 11 quilos de crack. Cada míssil tem 40 cm de comprimento, pode ser disparado por um fuzil e tem capacidade de derrubar helicópteros e aviões. Joaquim Antônio de Campos, 47, foi preso em flagrante.

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