São Paulo, sábado, 6 de dezembro de 1997
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Bendita Noruega

JUCA KFOURI

Não estivesse a Noruega na chave brasileira e a nossa seleção correria o risco de morrer de tédio na primeira fase da Copa da França.
Os noruegueses nos darão o imprescindível clima de competição que qualquer seleção precisa para não calçar salto alto e acabar surpreendida.
O espírito de revanche pelos 4 a 2 sofridos neste ano haverá de mobilizar a seleção -que terá Escócia e Marrocos antes pela frente para ganhar entrosamento e fazer o terceiro jogo, já devidamente classificada, mostrando quem é quem no cenário mundial.
Nós, brasileiros, é verdade, temos uma mania perigosa de jamais considerar o adversário, de olhar só para nós.
Quando nosso time ganha fez apenas a obrigação e, quando perde, perde para si mesmo, nunca porque o adversário foi superior.
Mesmo assim, não há como negar que Escócia e Marrocos não assustam.
Pelo menos se Zagallo não montar uma equipe taticamente covarde como fez em 1974, para amargar um horroroso 0 a 0 com os escoceses.
Ou, idem ibidem, se não prevalecer a mesma covardia do time de 1990, by Lazaroni, que deu sono ao vencê-los por 1 a 0 em Turim.
É claro que uma estréia é sempre uma estréia e nós, latinos, costumamos sentir arrepios nessas ocasiões.
Mas, pelo menos a seis meses da abertura da Copa, não há por que temer maiores surpresas -embora, admitamos, seis horas antes vá bater aquela histórica dorzinha na barriga, fruto da ansiedade.
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Pior que a mesquinharia é a burrice. E por isso a Fifa merece o troféu das maiores orelhas do planeta. Pelé chama muito mais a atenção e ganha muito mais espaço fora do sorteio da Copa do que participando do dito cujo.
Pelé no sorteio é como o cachorro que morde o homem, não é notícia. Fora, é como o homem que morde o cachorro.
A exemplo do que já havia acontecido em 1993, agora, entre homens e cachorros, os burros voltaram a dar o ar de sua graça.
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Bem lembrado pela Rede Globo: nas últimas quatro Copas disputadas na Europa, a Alemanha fez todas as finais. Perdeu em 1966, na Inglaterra, e em 1982, na Espanha. E ganhou em 1974, em casa, e em 1990, na Itália.
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Deus é argentino. Com Jamaica e Japão na chave, a Argentina já-já está classificada, sem sustos ou gagueira.

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