São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997 |
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Um misterioso ser unicelular das águas tropicais
JOSÉ REIS
As caulerpas foram descobertas há cerca de 150 anos, e a seu respeito logo se acumularam escritos imprecisos e fragmentários que só se tornaram consistentes após o estudo de J.M. Jansen, da Universidade de Leiden, Holanda, e Rudolph Dostát, da Universidade de Brno, na República Tcheca, da década de 20. Jacobs escreveu sobre as caulerpas na "Scientific American". O gênero Caulerpa abrange mais de 70 espécies. É difícil distingui-las em meio a outros vegetais, mas o exame microscópico revela a diferença. As outras plantas, marinhas ou terrestres, têm estrutura celular, isto é, são formadas de compartimentos (células com membrana e parede, núcleo, citoplasma e organelas), ao passo que as caulerpas não têm aquela estrutura porque são células únicas, diferenciadas em várias partes. A estrutura também é diferente. Nas plantas comuns, encontram-se vários tecidos, enquanto na caulerpa o que se vê são correntes de citoplasma entre microtúbulos e bastonetes, partindo de fora da parede para dentro e entrelaçados numa espécie de esqueleto. O crescimento nas plantas comuns é regional, isto é, segue índices diferentes conforme o órgão, ao passo que na caulerpa é contínuo e de índice igual em todas as partes. Especialistas, têm procurado hormônios de crescimento na caulerpa e encontraram o ácido indolacético, que também funciona nas outras plantas, e outro produto do tipo das giberelinas. Mas o fenômeno talvez mais importante da caulerpa é a regeneração. Se uma parte da alga é ferida ou cortada, o corte, após algum pequeno e rápido escoamento de citoplasma, é logo fechado por um tampão por baixo do qual se refaz a parede. Experiências de secção de uma parte da haste ou outro órgão resultam em imediato fechamento da parede nas partes cortadas; na parte apical, a nova parede produz folhas, enquanto na base gera rizóides e, um pouco mais para cima, um rebento que gera rizoma. Das folhas nascem novas folhas. Alguns acham que o meio mais comum de reprodução é a regeneração, mas observadores descreveram uma forma de reprodução sexual. Essa começa pelo escapamento de um pouco de citoplasma com células flageladas, que, segundo pesquisadores, promoveriam a conjugação. Jacobs e colegas fizeram rotação de 180 graus na haste do rizoma (a alga cresce horizontalmente) e viram que na parte superior, que originalmente produzia rizóides, brotam folhas e vice-versa. Experimentos revelam que a caulerpa, como as demais plantas, usa amiloplastos para reagir à gravidade. Texto Anterior: O futuro da Terra é decidido no concílio híbrido de Kyoto Próximo Texto: ASTROFÍSICA; CÉLULA Índice |
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