São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 1997 |
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'Ainda há muito a apurar', diz delegado
ROGERIO SCHLEGEL
O inquérito está parado há dez meses, porque a Aeronáutica não forneceu informações sobre o acidente solicitadas pelos promotores e pelo delegado Romeu Tuma Júnior, que chefia a investigação. O delegado e os promotores Mário Luiz Sarrubo e João Honório Franco, que acompanham o caso, vão se reunir neste final de semana para discutir os caminhos que a investigação deve tomar. Tuma diz que "é prematuro" aceitar a conclusão da Aeronáutica como prova de que não há quem culpar criminalmente pelo acidente. "O relatório final, quando eu o receber, será apenas mais uma peça do inquérito. Nossa investigação pode inclusive contradizê-lo, se tivermos informação técnica para isso." Por enquanto, o delegado só recebeu uma síntese do relatório, com pouco mais de dez páginas, enviada na madrugada de ontem para a Delegacia Seccional Sul. O promotor Sarrubo, que teve acesso à síntese do relatório, disse que as conclusões da Aeronáutica "não trazem novidade" diante do que já era sabido. O delegado e os promotores continuam esperando os dados pedidos à Aeronáutica, como a transcrição da conversa dentro da cabine -contida na caixa-preta- e o depoimento do piloto que fez o último vôo com o avião antes do acidente. "O que a Aeronáutica mandou está a milhares de quilômetros do que pedimos e do que é indispensável para a investigação", disse Sarrubo. O promotor acredita que será necessário ouvir os integrantes da comissão -cujos nomes ainda desconhece, apesar de tê-los pedido inclusive pela via judicial. O objetivo do inquérito é apurar se alguém gerou ou poderia ter evitado o acidente, mas não o fez por negligência, por exemplo. A Folha apurou que interessa especialmente aos investigadores de São Paulo o depoimento do tripulante que fez o penúltimo vôo com o Fokker PT-MRK, da TAM. O piloto Armando Luís Barbosa trouxe o avião de Caxias (RS) a São Paulo. Na investigação da Aeronáutica, ele disse que alertou o piloto que se acidentou de que havia falha no ATS, um sistema de aceleração automática da aeronave. Há a possibilidade de que essa informação tenha levado o piloto José Antônio Moreno a reagir a um defeito inexistente, ignorando a falha no reverso, decisiva para o acidente. Quando depôs no inquérito, Barbosa não repetiu a informação. Texto Anterior: Leia abaixo a síntese do relatório da Aeronáutica sobre a queda do vôo 402 Próximo Texto: CRONOLOGIA Índice |
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