São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
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Seguradora Bamerindus tem rombo

Patrimônio cai R$ 410 mi

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais um capítulo da novela Bamerindus confirma que a deterioração financeira do banco contaminou até mesmo a seguradora, considerada a empresa mais saudável do grupo.
Por conta de ativos que estavam registrados em seu balanço por valor superior ao que realmente valiam e passivos que estavam subestimados, a HSBC Bamerindus Seguros está reduzindo seu patrimônio líquido a quase um terço do que era.
Um fato relevante publicado ontem informa que o patrimônio cairá de R$ 632 milhões para R$ 222 milhões. O ajuste é retroativo a março deste ano.
Segundo a Folha apurou, como o grupo HSBC pagou o valor patrimonial de R$ 632 milhões para ficar com a seguradora, deverá haver um acerto entre o Bamerindus sob intervenção e o grupo inglês.
O HSBC poderia ter de volta parte do dinheiro ou receber alguns ativos a mais como compensação.
O Banco Central confirma que deverá haver esse ajuste, mas não diz de que forma será feito.
A decisão de reduzir o patrimônio foi aprovada pelo conselho de administração da seguradora no último dia 11 e seguiu recomendações da empresa de auditoria KMPG Peat Marwick.
A KPMG audita os negócios do HSBC no mundo todo e passou a auditar as contas das empresas do grupo no Brasil, substituindo a Ernst & Young.
"Ao analisar as contas da seguradora, a KPMG mostrou que era necessário fazer um ajuste de preços", diz José Gaspar da Cruz, gerente de comunicação do grupo.
Basicamente, boa parte dos ativos teve seu valor reduzido, enquanto parte dos passivos aumentou de valor.
O principal furo do balanço da seguradora era a Inpacel, a empresa de papel e celulose do grupo.
A Inpacel estava no centro dos problemas de liquidez do banco Bamerindus e foi transferida para a seguradora em junho de 96 numa tentativa de brecar a deterioração das contas do banco.
A reavaliação da Inpacel e de investimentos agropecuários foi responsável por R$ 200 milhões a R$ 300 milhões da redução patrimonial de R$ 400 milhões.
Segundo a Folha apurou, foram realizados quase 50 outros ajustes menores. Havia, por exemplo, um buraco nas provisões para pagamento de sinistros (evento coberto pelo seguro), que haviam sido subestimados.
Essa queda de patrimônio reduzirá a capacidade de alavancagem da seguradora. Ou seja, ela não poderá fazer a mesma quantidade de seguros.
Segundo Gaspar da Cruz, os planos do HSBC são de expansão e atuação mais agressiva na área de seguros, o que deve levar a uma injeção de recursos.
A reestruturação patrimonial ainda terá de ser aprovada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e pela Susep (que regula o setor de seguros).

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