São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
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Oscar Wilde deixa os palcos e vai às telas

DENISE BOBADILHA
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LONDRES

"Neste mundo só existem duas grandes tragédias: uma é não ter o que se quer; a outra é ter."
Oscar Wilde voltou a ser assunto no Reino Unido. Frasista dos mais sagazes e primeiro ícone homossexual do nosso século, o dramaturgo e escritor de origem irlandesa teve parte de sua vida recontada num filme, "Wilde".
Também teve uma de suas mais importantes peças, "Um Marido Ideal", produzida em Londres novamente e algumas biografias relançadas. E voltou para a Irlanda em forma de estátua, obra feita por Maggie Hambling.
No filme "Wilde", dirigido por Brian Gilbert, Vanessa Redgrave faz a mãe do escritor, interpretado pelo outrora humorista (e também escritor) Stephen Fry.
Escolha acertada: Fry (o Peter do filme "Para o Resto de Nossas Vidas", de Kenneth Branagh) também é conhecido por extravagância na vida pessoal e consagrou-se por observações acertadíssimas sobre a sociedade inglesa do final deste século.
Oscar Wilde fazia o mesmo nos anos 80 e 90 do século passado, quando descobriu "o amor que não ousa dizer seu nome" nos braços de um amigo mais jovem.
Na ocasião, já era casado com Constance Lloyd (Jennifer Ehle) e entrou em conflito com a descoberta tardia de sua sexualidade.
Depois veio a avassaladora paixão e a consequente desgraça com lord Alfred Douglas, ou "Bosie" (Jude Law). O caso com o mimado amante levou Wilde à julgamento -o homossexualismo era proibido no período vitoriano e continuou sendo até a década de 60 no Reino Unido.
Wilde passou dois anos na prisão. Sua sensibilidade não suportou a rotina de trabalhos forçados, e sua saúde ficou tão debilitada que sua produção nunca mais foi a mesma e a morte bateu-lhe à porta pouco tempo depois.
Apesar de bem-feito, o grande problema do filme é sua insistência em passar por cima da obra de Wilde para se centrar em longas cenas de sexo entre Fry, Bosie e seus amantes. E fica mais como a história de um trágico romance do que a de uma vida trágica.

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