São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
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O CLIMA NÃO MUDA

Não foram muito significativos os termos do protocolo assinado ao final da conferência da ONU sobre clima em Kyoto (Japão). Para o ponto mais polêmico discutido durante o encontro -a redução da emissão de gases responsáveis pelo chamado efeito estufa (intensificação do aquecimento do planeta)-, fixaram-se metas percentuais aparentemente modestas. Os países desenvolvidos aceitaram reduzir seus índices em 5,2% (em média) entre 2008 e 2012. Essa tarefa pesa mais sobre a União Européia (8%), os Estados Unidos (7%) e o Japão (6%).
De fato, os prazos do acordo são bastante elásticos e os índices de despoluição bem inferiores aos inicialmente propostos por países como a Alemanha. Ambas as cláusulas sinalizam uma vitória da posição defendida pelos Estados Unidos e, de certa forma, não contemplam a inegável gravidade do problema.
Mas é preciso lembrar que os percentuais de redução firmados no Japão incidiriam sobre dados relativos a 1990, quando começaram as primeiras negociações multilaterais para o combate ao efeito estufa. Como, desde então, houve um aumento da emissão de gases em muitos países industrializados, o respeito ao protocolo de Kyoto exigiria mudanças mais severas do que aquelas que esses índices fazem antever.
Há, porém, problemas pela frente. O acordo terá de ser ratificado pelos governos dos países signatários e o Senado dos EUA já manifestou o propósito de não aprovar o documento, uma vez que ele não determina o corte das emissões de gases também para as nações em desenvolvimento, o que as tornaria mais competitivas em alguns setores industriais, eliminando empregos norte-americanos.
A criticar, por fim, o fato de o acordo não prever mecanismos para incentivar a redução na emissão de gases, nem mesmo -o que é pior- os instrumentos para punir o desrespeito ao acordo, que tem valor legal. Nada, pois, impede que tudo fique como está, o que seria um grande risco para a saúde do planeta.

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