São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997
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Desempregada tem 5 filhos aos 27 anos

Marido ganha R$ 1.000 e não quer vasectomia

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Vizinhas e convivendo no mesmo ambiente social, a desempregada Sandra Dias Santos, 27, mãe de cinco crianças, e a caixa de supermercado Marise Lomba dos Santos, 27, sem filhos, têm planos e perspectivas diferentes em relação ao futuro.
Novamente grávida, Sandra não sabe qual será o futuro dos seus filhos. "Só torço para que tudo dê certo e eles sejam felizes."
Casada há dez anos, Sandra passa a maior parte do tempo trabalhando na casa do pai.
"Ainda não consegui comprar minha própria casa", diz Sandra, que parou de estudar na 8ª série.
O marido trabalha na montagem de móveis para uma rede de lojas de Salvador e recebe em média R$ 1.000 por mês. "Essa renda é insuficiente para proporcionar aos meus filhos o futuro que desejo."
Sandra disse que há um ano tenta convencer seu marido a fazer vasectomia. "O pior de tudo é que ele quer ter mais filhos."
O pai de Sandra, Pedro Ferreira Dias, 60, disse que seu genro "é ignorante". "Nós somos pobres, e não existe mais nenhum motivo para aumentar o número de pessoas na família."
Com nove filhos, Dias fez vasectomia há 12 anos. "Foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida."
A caixa de supermercado Marise Lomba dos Santos disse que ainda não pensou em ter filhos.
"Primeiro quero construir minha casa e depois formar um bom patrimônio para garantir o futuro da criança." Marise mora na casa de sua irmã.
Marise e seu marido Nixon Almeida dos Santos recebem em média R$ 1.000 por mês. Ele trabalha como instalador de telefones.
Segundo Marise, o planejamento familiar é importante para melhorar a qualidade de vida no Brasil.
"Acho que as pessoas que não têm condições financeiras devem evitar os filhos para não aumentar o número de desempregados, assaltantes e famintos no Brasil."
Sandra e Marise vivem no bairro Uruguai, na periferia de Salvador.

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