São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997 |
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Projeto torna a reciclagem obrigatória Plástico é o alvo MARIO CESAR CARVALHO
Como acontece na Alemanha, as empresas seriam responsáveis por dar um fim ambientalmente adequado às embalagens. Para isso, as empresas teriam de manter um mecanismo de recompra da embalagem. Até o preço da embalagem é definido -5% do valor do produto. No caso de uma garrafa de refrigerante de R$ 1, o vasilhame plástico teria de ser recomprado por R$ 0,05 -cinco vezes o valor atual. Dez por cento do que as empresas gastam em publicidade deveriam ser aplicados em campanhas educativas pró-reciclagem. O IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) da garrafa plástica de refrigerante subiria de 10% para 20%, segundo o projeto. Inundações Gabeira acha que a indústria deve arcar com o custo ambiental da garrafa por causa dos efeitos perversos que ela provoca no meio ambiente. O mais grave seriam as inundações. Deve arcar porque a indústria aumentou seus lucros ao adotar a garrafa de plástico, segundo cálculos de Alfredo Sirkis, ex-secretário municipal do Meio Ambiente do Rio e atual secretário-executivo da Fundação Ondazul. A garrafa de vidro custava R$ 0,20 para a indústria, segundo Sirkis. A de plástico caiu para R$ 0,03. Caiu também o custo do transporte, diz Sirkis, porque o plástico é mais leve. "Uma parte do superlucro da garrafa plástica deveria ser aplicada para minimizar os danos ao meio ambiente", defende Sirkis. A Coca-Cola não revela o preço das garrafas, mas diz que não são elas que causam as enchentes. A responsabilidade é tripla, segundo Márcio Amazonas, gerente de meio ambiente da empresa: das prefeituras (que não fazem uma coleta adequada de lixo), da população (que joga as garrafas nos rios) e das fábricas de bebidas. "Queremos chegar a soluções para as garrafas, mas não somos os únicos culpados pelos problemas ambientais", diz Amazonas. A empresa está tentando aumentar o volume de plástico reciclado no verão. Neste ano, a taxa de plástico reciclado do tipo PET (polietileno tereftalato) deve ficar em 15%, a metade dos EUA. O projeto "Praia Limpa" passará a coletar garrafas no litoral de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Após reciclado, o plástico da garrafa vira fibra e pode ser usada para fazer vassouras, tapetes e entra na composição de tecidos. O maior empecilho à reciclagem é o preço. Uma tonelada de plástico vale entre R$ 70 e R$ 80, 10% do preço do alumínio. "Se o preço não mudar, não tem lei que faça a reciclagem prosperar", diz Manoel do Canto Filho, empresário que compra sucata. (MCC) Texto Anterior: Fatec faz hoje o segundo dia do seu exame Próximo Texto: Indústria quer elevar a coleta Índice |
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