São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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Pastores resistem aos tempos

Ofício é bíblico

WAGNER OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO MANUEL

Uma profissão milenar sobrevive no interior de São Paulo. O pastor de ovelha, com o seu cajado e seu cão, tem emprego assegurado no mecanizado campo do Estado.
Mas não é por carinho ou afeição ao personagem bíblico que os produtores de ovelhas procuram o pastor para tomar conta de seus rebanhos.
Dados da Aspaco (Associação Paulista de Criadores de Ovinos) indicam que os produtores obtêm ganho anual de até 20% de produtividade com a diminuição da mortalidade de cordeiros e dos gastos com mão-de-obra e medicamentos.
O acompanhamento do rebanho pelo cabanheiro (pastor) também reduz gastos com mão-de-obra de ajudantes.
O trabalho que seria feito por um ajudante montado é feito pelo fiel e indispensável acompanhante do cabanheiro, o cão pastor.
Treinado, o cão é capaz de cuidar de um lote de até 250 animais.
"Para manejar o rebanho diariamente, você precisaria pelo menos de dois empregados bons de laço e de dois cavalos", afirma o presidente da Aspaco, Francisco Fernandez, formado em zootecnia.
"Com o pastor e um cão treinado você dispensa os cavalos e reduz o custo com a mão-de-obra do empregado", diz Fernandez.
Ele é gerente de fazendas de ovelhas.
Com sede em São Manuel (240 km a oeste de São Paulo), a Aspaco até criou um curso para a formação de pastores de ovelha.
O curso ensina o aprendiz de pastor a vacinar, alimentar o rebanho, tosquiar e conhecer o período de gestação.
Nos últimos dois anos, a Aspaco formou cerca de 60 pastores.
Segundo Fernandez, a maioria continua na profissão. Cerca de 20% a 30% dos iniciantes desistem do trabalho.
A figura do pastor à frente do rebanho evita também ataque de animais de rapina, principalmente aos cordeiros.
Segundo Fernandez, esses ataques são uma das principais causas de perdas de cordeiros dos produtores gaúchos.
"No Rio Grande do Sul, que tem uma criação diferente da do nosso Estado, os produtores chegam a ter uma perda anual de cordeiros de até 40%", afirma Fernandez.

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