São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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MST fará marchas para apoiar Lula, afirma Stedile

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

O economista João Pedro Stedile, um dos coordenadores nacionais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), disse ontem que o movimento promoverá, a partir do início do segundo semestre de 98, marchas de conscientização em favor da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República.
Segundo Stedile, o MST concentrará o trabalho pró-Lula nos cerca de 500 municípios onde mantém assentamentos.
Ele afirmou que o MST vai promover "uma verdadeira missão para conscientizar a população do perigo de haver mais quatro anos de governo de Fernando Henrique Cardoso". "Vamos apoiar Lula com todas as forças possíveis", disse Stedile.
Prejuízo
Stedile disse não acreditar que o apoio do MST a Lula possa prejudicar o candidato, por supostamente ligar a imagem do petista a um movimento "radical".
"Também diziam isso em relação à reforma agrária", afirmou.
"Há muito pouco tempo, falar em reforma agrária era coisa de comunista. Hoje, 89% da população brasileira apóia a reforma agrária. O que queremos discutir não é o tom do discurso, mas soluções definitivas para os graves problemas que nossa sociedade enfrenta, que o governo Fernando Henrique só agrava."
O coordenador do MST negou ter defendido, em ato de lançamento da candidatura de Lula, na semana passada, a invasão de bancos. "O MST não vai fazer isso em 98", afirmou.
"Quando falei, não era como tarefa do movimento, falei que a população ocuparia banco para mudar a política econômica."
Stedile afirmou não ter tomado como crítica declaração feita posteriormente por Lula contrária à suposta pregação em favor da invasão de agências bancárias.
"É claro que o presidente da República não pode ser a favor de ocupar banco", afirmou.
Segundo ele, suas declarações foram reproduzidas "fora de contexto".
Desafio
Em balanço sobre o ano de 97, Stedile acusou o governo federal de priorizar desapropriações e assentamentos nas regiões Norte e Centro-Oeste do país, onde há mais terras disponíveis, embora a tensão da luta pela terra seja mais forte nas regiões Sul e Nordeste.
O objetivo, disse o coordenador do MST, é produzir estatísticas.
Stedile disse ainda aceitar o desafio feito pelo ministro extraordinário da Política Fundiária, Raul Jungmann, que exigiu a abertura dos números do movimento para uma auditoria independente, e fez outro desafio.
Segundo Stedile, Jungmann afirmou que já assentou 70 mil famílias neste ano, mas o próprio Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) teria informado que o número correto é 58.504 -cifra que também foi questionada pelo líder sem-terra.
Em balanço divulgado ontem o ministério apresentou números ainda mais otimistas: disse ter superado a meta de 80 mil famílias assentadas (leia texto abaixo).

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