São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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Veja a íntegra da nota da TAM

Leia a seguir a nota divulgada ontem pela TAM.
A TAM e o relatório final das autoridades aeronáuticas.
Foi divulgado oficialmente pelas autoridades aeronáuticas o relatório oficial sobre as causas do acidente que, em 31 de outubro de 1996, interrompeu nosso vôo 402, tragédia que resultou na morte de 90 passageiros e seis tripulantes, além de três vítimas fatais atingidas no solo pela aeronave.
O documento deixou bem claro uma verdade: a TAM não teve culpa no acidente. Na quinta-feira, 11 de dezembro, a imprensa tomou conhecimento do resultado das investigações e recebeu os textos oficiais que enfatizaram os seguintes pontos:
1 - O acidente foi causado por uma falha no sistema de controle do reverso da turbina direita, que abriu e fechou, com intermitência, na decolagem. Essa falha não tinha sido constatada antes em nenhuma aeronave de qualquer das empresas aéreas que utilizam o mesmo sistema de reverso em vários países. No vôo anterior de nosso avião, os tripulantes também não haviam registrado qualquer anormalidade nesse sistema, como ficou comprovada, posteriormente, com a abertura das caixas-pretas.
2 - Luzes de emergência sobre o comportamento do auto throttle acenderam no início da decolagem. A tripulação tomou as providências que eram recomendadas para o tipo de alerta anunciado. Os pilotos não tinham como saber que o problema era com a intermitência do reverso, já que esta situação "impossível" não estava prevista nem nos manuais, nem no treinamento recomendado pelo fabricante, nem nas rotinas adotadas pelos operadores do avião em todo o mundo.
3 - O relatório não estabelece nenhuma relação entre o defeito do reverso e a manutenção do equipamento, nem, tampouco, com o treinamento de pilotos. O avião era novo, fabricado em 1993, e passara por completa revisão rotineira três semanas antes.
4 - No episódio, como ficou claro no relatório oficial, não havia como treinar pilotos para uma situação absolutamente imprevisível, que jamais constou das instruções dos manuais do fabricante. Por outro lado, a TAM realiza, permanentemente, treinamento do seu pessoal técnico e se orgulha do fato de que seus pilotos de jatos são treinados na "Flight Academy" da American Airlines, em Dallas.
5 - O documento sugere aos operadores desse tipo de equipamento, inclusive a TAM, a adoção de procedimentos destinados a tornar impossível a repetição ao acidente. A TAM ajudou as autoridades a definir esses procedimentos técnicos e já os havia incluído em suas rotinas menos de uma semana depois da tragédia.
As regras estritas que regem a operação aeronáutica em nosso país e, também, razões de natureza ética, já que as investigações estavam em curso, impediram a TAM, até agora, de avançar mais em suas informações, antes da divulgação do relatório oficial. Por esse motivo suportamos, resignados, toda espécie de notícias distorcidas, pagando um alto preço pelas incompreensões difundidas nesses meses de espera pelo fim das investigações oficiais.
Agora podemos falar. E, com segurança, devemos afirmar que se confirmaram todos os nossos posicionamentos anteriormente divulgados.
Em 1º de novembro de 1996, publicamos nos principais jornais do país um "Comunicado ao Público" e nosso presidente deu uma longa entrevista coletiva. Foi então enfatizada a posição da TAM de confiança na capacidade profissional de sua tripulação, no treinamento de seus pilotos, na modernidade e na segurança de suas aeronaves, na eficiência de seus mecânicos e na qualidade dos procedimentos de manutenção.
Em 30 de novembro, publicamos outra nota nos grandes jornais, visando esclarecer informações extra-oficiais divulgadas equivocadamente na imprensa.
Nunca tivemos dúvida de que o acidente se devera a uma falha material no sistema de comando dos reversos (relés) em situação não prevista nos testes, nos manuais de instrução ou nas simulações exaustivas feitas pelo fabricante e pelos operadores do equipamento em todo o mundo.
As investigações agora encerradas visavam detectar as causas do acidente e eliminar o risco de uma repetição da tragédia. As análises, as pesquisas, os testes, as simulações feitas para apurar a verdade e prevenir futuros problemas precisavam ser sérias e cuidadosas. E deveriam ser levadas aos fabricantes do avião, da turbina, do reverso e de todos os outros equipamentos que foram testados no processo. Foi o que fez o Ministério da Aeronáutica ao aprovar o relatório oficial, cujas conclusões tiveram ampla divulgação.
O acidente do vôo 402 foi uma grande perda para as famílias das vítimas. E também para a nossa empresa e à própria aviação comercial brasileira.
A TAM procurou enfrentar essa tragédia com os meios de que dispunha, mantendo uma linha de abertura e de diálogo com as famílias das vítimas, os meios de comunicação, as autoridades, os tripulantes e os funcionários, os nossos amigos e toda a opinião pública.
Nossa empresa renova agora às famílias das vítimas a sua solidariedade. E agradece a seus funcionários, seus amigos e seus clientes os gestos de amizade e apoio que nunca nos faltaram por parte daqueles que conosco suportaram o silêncio a que nos impusemos. E foram a ajuda essencial que nos permitiu realizar, com dignidade, a travessia.
São Paulo, 15 de dezembro de 1997
A Diretoria

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