São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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Sem-teto prometem continuar invasões

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Unificação das Lutas de Cortiços (ULC), movimento responsável pela invasão, na noite de sexta-feira, do prédio abandonado pela Secretaria de Estado da Cultura, na rua do Ouvidor, 63, centro de São Paulo, promete continuar a invadir prédios públicos vazios enquanto o governo do Estado não começar o Plano de Atuação em Cortiços (PAC).
Segundo Ana Esteves, uma das coordenadoras do movimento, a ULC poderá invadir um dos 30 prédios abandonados que constam da "lista de imóveis ocupáveis". "Se expulsarem a gente daqui, vamos para outro lugar. Isso não é problema", disse.
Na opinião de Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, coordenador da ULC, o PAC, razão da invasão, ainda não começou. "A promessa de construção das 28 unidades na rua Pirineus não é o PAC", afirma.
Compra de imóveis
No mês passado, a CDHU (Companhia do Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) fechou com a Universidade de São Paulo (USP) o contrato para a compra de quatro imóveis da universidade na esquina da rua Pirineus com a Brigadeiro Galvão, em Campos Elíseos (centro de São Paulo).
Os imóveis foram invadidos em 2 de abril deste ano pelo movimento Fórum dos Cortiços.
A CDHU anunciou a compra dos imóveis, que serão demolidos para a construção de 28 unidades habitacionais para ex-moradores de cortiços. Esse deve ser o primeiro passo para a efetivação do PAC.
Segundo a coordenação da ULC, a CDHU deveria priorizar ações em quatro áreas da cidade.
As áreas são a antiga fábrica da Matarazzo, no Belenzinho (zona leste), o terreno da Fepasa, no Canindé (zona norte), a desapropriação da área do cinema da Mooca (zona sudeste) e a casa que foi de Santos Dumont, na esquina das alamedas Nothmann e Cleveland, no centro, invadida em março.
Não é para morar
Segundo Gegê, as 600 pessoas que estão ocupando 11 dos 12 andares do prédio (um dos andares, o nono, é ocupado pelo zelador) não estão lá para morar.
"Nós não prometemos casa para ninguém. As pessoas estão aqui para ajudar. O que queremos é que o governo faça alguma coisa." Na entrada do prédio, a ULC montou uma recepção e só pessoas cadastradas podem entrar no prédio.
Cada participante tem que registrar num livro, de acordo com o bairro da cidade de onde vem, a hora que sai do prédio e a hora que chega. Segundo a ULC, metade dos 600 invasores passam a noite no prédio. O restante realiza atividades no local, como faxina, durante o dia.

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