São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Construção civil descarta reduzir salário

MAURICIO ESPOSITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários e trabalhadores da construção civil descartaram discutir redução de jornada de trabalho e de salários como forma de evitar demissões.
Seguindo o exemplo do acordo entre metalúrgicos e indústrias de autopeças, a proposta de redução de jornada e de salários chegou a ser cogitada durante a semana passada por lideranças do setor.
Em reunião ontem, porém, empresários e trabalhadores decidiram limitar as propostas de flexibilização do regime trabalhista.
As discussões, daqui para frente, serão em cima de dois pontos: criação de um banco de horas e mecanismo de "lay off" (recolocação profissional).
Pelo sistema de banco de horas, o trabalhador tem de compensar o período em que recebeu salário e não trabalhou.
Assim, segundo os empresários, sempre que a obra parar devido a chuvas, falta de matéria-prima ou redução do ritmo da construção, o trabalhador seria obrigado a compensar essas horas.
Pelo mecanismo de "lay off", quando a empresa não tiver serviço para o trabalhador, ele não será demitido e poderá frequentar cursos de requalificação profissional, mas ganhando uma fração de seu salário nesse período.
"Estamos discutindo formas para evitar dias piores para a construção civil", afirmou Artur Rodrigues Quaresma Filho, negociador do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).
"Essas idéias estão sendo discutidas há cerca de dois anos e talvez agora seja o momento adequado para colocar em prática", disse.
Segundo o presidente do Sinduscon, Sérgio Porto, o setor está prevendo uma desaceleração no ritmo dos investimentos em 1998.
"Estamos preparando pontos básicos para serem discutidos pelas empresas", acrescentou Porto.
O Sinduscon-SP prevê demissões de 40 mil trabalhadores (10% da força de trabalho) durante o próximo ano se os juros continuarem nos atuais patamares.
Embora não esteja em pauta neste momento a redução de jornada e salários, o tema poderá ser discutido se a crise no setor for pior do que o previsto, avalia Porto.
Para o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo, a proposta de redução de salários é inaceitável para quem ganha, em média, R$ 314, 60 por mês (caso dos trabalhadores que não têm qualificação).
A entidade, segundo o diretor Antonio de Sousa Ramalho, também se opõe à contagem, para o banco de horas, das horas paradas por chuva. "Dia de trabalho parado por causa de chuva faz parte do custo da obra", afirmou.
Na próxima quinta-feira haverá nova reunião técnica entre empresários e trabalhadores para aprofundar as propostas. Um outro encontro está marcado para a primeira quarta-feira de janeiro.

Texto Anterior: Tributação semanal dos fundos é adiada
Próximo Texto: Servente não aceita salário mais baixo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.