São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997
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Cresce diferença entre pública e particular

BETINA BERNARDES

BETINA BERNARDES; FERNANDO ROSSETTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Número de instituições que tiveram o corpo docente avaliado com A ou B aumentou, em média, 44%

FERNANDO ROSSETTI
O resultado do provão deste ano confirma que o desempenho das instituições públicas de ensino superior é melhor que o das privadas. Também mostra que aumentou a diferença entre as duas.
No ano passado, 41% dos cursos de direito com conceito A eram federais e 27%, privados. Este ano, 50% são federais e 21%, privados.
Em engenharia civil, 73% dos conceitos A em 96 eram de instituições federais e não havia conceito A para as privadas.
Este ano, passou a 77% a porcentagem de federais com A e as privadas registram 8%.
Em administração, onde 73% dos cursos são de instituições particulares, 32% dos cursos A em 96 eram federais e 50%, particulares. Este ano, 40% são federais e 40%, particulares.
Já as privadas alcançaram conceito A em apenas 5% de seus cursos. Nas faixas D e E estão classificados 38% de seus cursos.
A melhor colocação das instituições públicas em relação às particulares este ano se deve à diminuição do boicote ao provão, segundo o Ministério da Educação.
Escolas, como a Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), que ficou com D em 96, este ano aparecem com A. Como a distribuição de conceitos é proporcional, se há mais públicas este ano com A e menos com E, significa que há menos particulares com A e mais com E.
"Apesar do melhor desempenho das públicas, qualidade não é privilégio delas. É possível cobrar qualidade também das particulares", disse o ministro da Educação, Paulo Renato Souza.
A possibilidade de comparar dados de um ano para outro revela que o provão já surtiu efeito, ao menos na titulação dos professores. Houve um aumento médio de 44% das instituições com corpo docente A ou B (mais de 30% dos professores mestres ou doutores). Entre as instituições particulares, o aumento foi de 72%.
Isso é, em parte, reflexo de um investimentos das faculdades e universidades na qualificação dos professores. Mas também revela que as particulares estão dispensando professores sem titulação e contratando aqueles que já fizeram pós-graduação -muitos, aposentados do setor público.
A titulação dos professores é diretamente relacionada ao desempenho dos alunos: 77% dos cursos A ou B no provão têm notas A ou B na titulação. A mesma correlação é observada no fato de os professores terem contratos de trabalho que permitam maior dedicação.
Outro fator que tem grande influência no resultado do provão é a antiguidade da instituição. Em administração, que é o curso com mais estudantes no país, as faculdades criadas antes de 1970 tiveram 57% das notas A ou B; as criadas depois disso, ficaram com apenas 23%.
O ministro Paulo Renato Souza considerou que a divulgação desses resultados "consolida definitivamente o sistema de avaliação do ensino superior".
A mapeamento dessas provas em branco traz algumas curiosidades. O Nordeste parece ser a região mais resistente: 10% dos alunos não responderam a nenhuma questão. No Sul, a região que se saiu melhor no provão, esse índice foi de 0,6%.
Na divisão por cursos, engenharia civil é o grupo mais aguerrido, com 14% das provas em branco. Em administração apenas 0,4% dos alunos não fizeram a prova.

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