São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997
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Igreja e comissão oferecem assistência

FERNANDA DA ESCÓSSIA; SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O cardeal-arcebispo do Rio, d. Eugenio Sales, afirmou ontem que a Igreja Católica dará assistência a M. durante sua gestação e que a Arquidiocese do Rio abrigará a criança, caso M. não queira ficar com ela após o parto.
"A diocese assume toda e qualquer criança que vai ser abortada. Não aborte. Deixe nascer. Haverá quem fique (com o bebê)",disse o cardeal.
D. Eugenio Sales citou a Fundação Romão Duarte e a entidade Pró-Vida como instituições ligadas à arquidiocese com capacidade para auxiliar M. durante a gravidez, além de cuidar da criança depois do nascimento.
"A diocese encontrará meios para fazer com que essa criança tenha o necessário para sobreviver", afirmou.
Para o cardeal, a decisão da família de M. foi a mais correta. "Em vez de matar, deixe viver. Outro cuida", disse d. Eugenio.
Integrantes da Comissão Diocesana em Defesa da Vida, de São José dos Campos (a 87 km de São Paulo), chegaram ontem à tarde ao hospital onde M. está internada e conversaram com a família.
A ginecologista Elizabeth Kipman Cerqueira e a advogada Maria das Dores Guimarães faziam parte do grupo.
Elizabeth afirmou que a comissão está disposta a oferecer à menina habitação, alimentação e assistência médica para o período da gestação, o parto e o período pós-natal.
Mudança
Disse ainda que, se a família desejar, M. e a mãe poderão ser transferidas para São José dos Campos, onde receberiam assistência. Caberá à família decidir sobre entregar ou não o bebê para adoção.
"Temos certeza de que é mais discutível o futuro dela se ela tirar o nenê do que se ficar com ele. É lógico que a violência que ela sofreu poderá trazer problemas futuros, mas não é fazendo outra violência que você apaga a primeira", afirmou.
O médico que fez com que a família mudasse de idéia sobre o aborto, Altamiro Sathler Filho, disse que estaria disposto a atender a menina e fazer o parto.
Evangélico, casado com uma católica, Sathler disse que sua religião condena o aborto, mas que sua intervenção no caso foi "absolutamente técnica". "Pela idade, a gravidez dela é considerada de risco, mas a menina está muito bem", afirmou.
O laudo no qual o juiz se baseou para autorizar o aborto não identificou risco de vida para a garota nem no aborto, nem no parto.
(FE e ST)

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