São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997
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Desemprego volta a bater recorde em SP

MAURO ARBEX
DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego na Grande São Paulo voltou a surpreender em novembro e atingiu novo recorde histórico.
Num período em que tradicionalmente ocorrem contratações, principalmente no comércio, a taxa bateu 16,6% da PEA (População Economicamente Ativa), o equivalente a 1,436 milhão de desempregados.
No primeiro trimestre de 98, o nível deve voltar a subir e pode superar os 17%.
No total, foram eliminados em novembro 12 mil postos de trabalho. No período de 12 meses, já foram cortadas 98 mil vagas na Grande São Paulo.
Os números são da pesquisa da Fundação Seade e Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Comportamento atípico
É o terceiro mês consecutivo em que o desemprego cresce em São Paulo. Em setembro, a taxa foi de 16,3%; e em outubro, chegou a 16,5%, nível recorde até então.
"Mais uma vez, o mercado de trabalho teve comportamento atípico para esse período", afirma Pedro Martoni Branco, diretor executivo da Fundação Seade.
Em dezembro, segundo ele, o índice deve apresentar um ligeiro recuo, devido à recuperação de vendas do comércio, que pode ter levado a um maior número de contratações.
Mas o comportamento do mês deve alterar pouco a situação geral. A expectativa dos pesquisadores é que o desemprego feche o ano, na média, com o nível próximo a 16%.
Patamar elevado
No começo de 98, a taxa deve voltar a subir e pode superar, nos primeiros três meses do ano, 17%.
Para Martoni Branco, as medidas de contenção da economia -a alta dos juros e o pacote fiscal- deverão se refletir com mais intensidade no mercado de trabalho nos primeiros meses do próximo ano.
Esse quadro negativo será reforçado pelo aumento no desemprego que sempre ocorre no início do ano, em função de um desaquecimento normal da economia.
"Estamos muito preocupados, principalmente porque os níveis de desemprego se encontram em patamares excessivamente elevados", diz Martoni Branco.
O nível superior a 16%, dos últimos três meses, só havia sido registrado antes, na pesquisa, em julho de 92 e junho de 96 -em ambos os meses, 16,2%-, como consequência de medidas econômicas do governo.
Em seguida, porém, recuaram para patamares entre 14% e 15%. "Agora, estão se consolidando em algo superior a 16%", afirma.
As demissões em novembro aconteceram em praticamente todos os setores, com exceção de serviços, que geraram 8.000 novas ocupações.
Desemprego oculto
A indústria eliminou 3.000 empregos; o comércio, 2.000 postos; e outros (com destaque para construção civil), 15 mil.
O desemprego manteve-se estável (10,5%) no chamado desemprego aberto -pessoas que estavam procurando emprego nos 30 dias anteriores à pesquisa.
O crescimento (de 6% para 6,1%) ocorreu no desemprego oculto, ou seja, pessoas que vivem de "bicos" esporádicos (trabalho precário) ou desistiram de procurar ocupação (desemprego por desalento).
A População Economicamente Ativa (8,651 milhões de pessoas) apresentou um pequeno recuo em novembro, de 4.000 pessoas, em comparação com outubro. "São pessoas que se retiraram do mercado. Não fosse isso, talvez a taxa fosse maior."

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