São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997
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Indústria mantém 44% dos empregos

ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

A concentração das atividades empresariais no Brasil foi traduzida em números pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Das mais de 1,65 milhão de empresas registradas até 1995, apenas 1.407 de grande porte, ou 0,09% do total, respondiam por 24% do emprego formal do país.
Essas grandes empresas, com pelo menos mil empregados, eram as responsáveis por 38% de uma receita que, até 94, estava próxima a R$ 600 bilhões. Mais da metade dessa receita (51%) era do setor industrial, diz o IBGE.
Reduzindo a faixa de empregados por empresa para um mínimo de cem pessoas, a concentração aumenta para 52% no emprego e 67,5%, na receita. Essas empresas, no entanto, representavam 1,17% do total do país até 94.
Já as empresas com até quatro pessoas (76% do total) contribuíam com apenas 7% da receita e 13% do emprego.
Os dados constam do Censo Cadastro 95, o ponto de partida do IBGE para a montagem de um novo sistema de estatísticas sobre a estrutura produtiva empresarial brasileira. Ele passará a ser atualizado anualmente.
O censo, divulgado ontem, foi realizado no fim de 95 com dados do ano anterior enviados por todas as empresas formalmente constituídas.
As empresas pesquisadas empregam mais de 16 milhões de pessoas. A maior concentração desses postos de trabalho e da receita está na indústria, segundo Maria Luíza Zacharias, chefe da Divisão de Cadastro e Classificação do IBGE.
Mesmo representando 56% do número de empresas no país, o ramo de serviços emprega 30% da mão-de-obra, contra 44% da indústria. Do total de empresas do país, a menor parcela é a da indústria (17%)' a de serviços é de 27%. Isoladamente, a indústria de transformação é a que mais emprega (35% do total). Em termos de receita também há uma inversão. Enquanto 51% é da indústria, comércio tem 33% e serviços, 16%.
O IBGE não incluiu no censo as empresas do sistema financeiro nacional, por já estarem cadastradas no Banco Central, e as de agricultura, contadas pelo censo agropecuário, explicou Wasmália Bivar, do Departamento de Indústria.
Somando todas essas ao universo pesquisado, o número de empresas sobe para 3,5 milhões e o volume de pessoas empregadas para 18 milhões, aproximadamente, segundo Maria Luíza Zacharias.
O IBGE, até 85, divulgava censos econômicos a cada cinco anos, menos abrangentes do que o Censo Cadastro. Os dados de então não podem ser comparados com os mais recentes porque não incluíam, entre outras áreas, saúde e educação, segundo Magdalena Cronemberger, coordenadora das Estatísticas Econômicas.
Mas um dado se repete. Em 85, das 1,1 milhão de empresas pesquisadas, 1 milhão eram pequenas e entravam com algo em torno de 5% da receita e 20% do pessoal ocupado, informou Lúcia Helena de Oliveira.
As grandes empresas são em menor número, concentram mão-de-obra, mas também pagam mais, segundo o Censo Cadastro 95 do IBGE. Enquanto as empresas com até quatro empregados pagam, em média, 2,5 salários mínimos, as de grande porte oferecem aos seus empregados 10 salários mínimos.
"Quanto maior o porte da empresa, mais alto o salário médio pago", disse Maria Luíza Zacharias, chefe da Divisão de Cadastro e Classificação do IBGE.
O censo mostra que a região Sudeste é a líder em emprego, com 61% do total de mão-de-obra empregada no país. São Paulo se destaca com 38% dos postos de trabalho do país e 63% das pessoas ocupadas na região.
O Centro-Oeste é a única região onde a indústria não supera os outros ramos de atividade em número de pessoas ocupadas.
O fato de o levantamento do IBGE mostrar que as indústrias empregam mais do que o setor de serviços não é um contra-senso, segundo Wasmália Bivar, do Departamento de Indústria do IBGE. "Não foram consideradas as atividades informais", disse.
"A proporção de pessoas empregadas em serviço e comércio é muito maior na informalidade, uma estatística que pode inverter a posição com a indústria em número de mão-de-obra envolvida", disse Ângela Filgueiras Jorge, chefe do Departamento de Emprego e Rendimento do IBGE.

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