São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997
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Taxa diminui menos do que aparenta

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

O governo continua muito cauteloso com as consequências do furacão que veio da Ásia. Essa é a leitura que pode ser feita das taxas anunciadas pelo BC.
A queda dos juros básicos da economia, representados pela TBC, foi menor que a aparente, de 2,90% para 2,72% ao mês, ou 0,18 ponto percentual.
A comparação entre essas duas taxas pode dar uma visão equivocada do tamanho da queda porque os meses não têm o mesmo número de dias corridos e, principalmente, úteis. O mercado no Brasil trabalha assim.
É preciso, então, medir as taxas com a mesma régua. Ou seja, transformar taxas mensais ou anuais em taxas por dia útil.
A TBC de 2,90% fixada para este mês equivale a 0,1300% ao dia útil, já que dezembro tem 22 dias úteis.
Tomando como referência um ano de 252 dias úteis, como vai trabalhar o BC a partir de 98, a TBC de 2,90% neste mês equivaleria a 38,74% ao ano.
Nessa comparação, a queda nem sequer chegou a um ponto percentual porque a TBC de 2,72% para janeiro teve origem em taxa anual de 38%.
A comparação pode ser feita de outra forma, transportando para dezembro o critério de dias úteis que vai valer para 98.
Os 2,72% para janeiro (válidos até o dia 28), calculados a partir dos 38%, correspondem a 0,1279% para cada um dos 21 dias úteis daquele mês. Como dezembro tem 22 dias úteis, a TBC de janeiro equivaleria a 2,85%. A queda em termos mensais, portanto, foi de 0,05 ponto.
A cautela faz sentido porque a turbulência mundial não acabou e os déficits externos do país são preocupantes. Mas, de outro lado, crescem as pressões sobre a dívida pública (que em boa parte ainda está com juro antigo de 1,6% ao mês e a cada vencimento ganha taxas mais altas e prazos mais curtos), o desemprego aumenta e a eleição vem aí. Esse é o desafio para o BC.

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