São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997
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Futuro é muito nebuloso para os novos médicos

DA REDAÇÃO

No dia 13 de novembro, a série "Entreviste os profissionais", promovida pelo Fovest 98, realizou debate com profissionais da área de medicina, que falaram sobre a situação do mercado atual, as diferentes áreas de atuação e a especialização.
Participaram Dario Birolini, professor de cirurgia geral e do trauma da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Valdir Golin, professor-doutor de clínica médica e coordenador clínico do pronto-socorro central da Santa Casa, Manoel Girão, professor-doutor-adjunto de ginecologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Antonio Zuliani, professor-doutor de pediatria da Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu, e Célia Almudena, coordenadora do Fovest 98, que mediou o debate.
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Cibelle Dias Santos, 15 - Comenta-se que o mercado de trabalho nas capitais está saturado. Trabalhar no interior seria uma opção?
Manoel - Quem se forma em São Paulo e vai trabalhar no interior enfrenta restrições da comunidade local. Na maioria das cidades do interior de São Paulo, o atendimento privado é dominado, quase exclusivamente, por um convênio gerido ou administrado por médicos da própria cidade. Se você não fizer parte desse convênio, não terá pacientes.
Rafaela Milanese, 16. - Que espaço a área de pesquisa ocupa na medicina?
Dario - Se não houvesse pesquisa, estaríamos fazendo medicina do século passado. É fundamental para permitir a evolução. O problema é que, no Brasil, temos restrições financeiras, intelectuais e culturais ao fato de haver pessoas com dedicação exclusiva a pesquisa.
Elisângela Cátia Jordano, 22 - Como é o dia-a-dia da emergência?
Antonio - Se a medicina já é muito estressante, vocês imaginam como é a rotina do médico de um pronto-socorro. O paciente chega, em geral, de uma maneira agressiva porque já passou por quatro ou cinco hospitais. Compete a você saber dominá-lo e mostrar que vai tentar fazer o melhor possível. Independentemente das condições de trabalho.
Gisele Couto Florence, 22 - O sr. disse que o horizonte da profissão é nebuloso. Como é possível mudar este quadro?
Manoel - O horizonte é nebuloso para os novos profissionais, que estão pegando um país em marcha a ré. Para mudar este quadro é necessária uma fiscalização das universidades, fechar as que não têm condições de ensino e limitar a formação de profissionais. É preciso também que os médicos se organizem em entidades e lutem por seus direitos.
Carolina, 17 - Como está o mercado de trabalho para a medicina legal? Como faço para exercer essa profissão?
Valdir - Geralmente presta-se concurso público e vai-se trabalhar no IML (Instituto Médico Legal). É uma área que dá margem à pesquisa. Os médicos-legistas são os os mais bem pagos do Estado.

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