São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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Terapeutas doam horas de trabalho

DA SUCURSAL DO RIO; DA REPORTAGEM LOCAL

As pessoas que aparecem nestas duas páginas descobriram que podiam ajudar e partiram para a ação. Do psicterapeua que reserva horários para pessoas carentes ao construtor que faz doações anônimas, todas encontraram uma receita pessoal capaz de promover a solidariedade
O profissional liberal sem tempo pode ajudar pessoas carentes atendendo no próprio consultório
O profissional liberal que quer atuar como voluntário, mas não dispõe de tempo para sair do trabalho, pode se inspirar em um projeto do Rio.
Um grupo de 200 psicoterapeutas montou o Banco de Horas, que atende gratuitamente pacientes com HIV. A organização divulga os telefones dos terapeutas em um boletim distribuído em hospitais e organizações de assistência.
O Banco de Horas, voltado para outro público, surgiu em 1979, a partir de uma idéia da psicanalista Carmen Lent. Ela juntou um grupo de psicanalistas para dar atendimento gratuito aos exilados que voltavam ao país. Depois que a Aids substituiu a repressão política como motivo de angústia, a psicanalista decidiu retomar o projeto.
"Pensamos no que cada profissional poderia fazer para ajudar, e o nome do projeto mostra isso, um acúmulo de horas doadas a uma causa", afirma Carmen Lent.
Segundo ela, o Banco de Horas pode ser facilmente "copiado". Um médico, por exemplo, pode atender gratuitamente um paciente pobre por semana, e um advogado pode deixar de cobrar os honorários de um processo movido por um cliente carente.
Em São Paulo, o psicanalista Arnaldo Domingues, 41, e mais sete profissionais montaram uma rede semelhante para atender quem precisa de terapia e não pode pagar. Os pacientes chegam no boca a boca.
Domingues atende especialmente homossexuais e donas-de-casa. Ele calcula que 60 pessoas passaram de graça por seu divã nos últimos sete anos. Cada um recebeu um tratamento que poderia custar mais de R$ 300 mensais. O usual é ocorrer o processo que vive hoje Silvânia Juvenal Pinto, 35. Com problemas emocionais, ela deixou o trabalho de cabeleireira e começou a terapia sem pagar. Estabilizada, retomou a atividade e pretende pagar pelo tratamento.

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