São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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Particular vai pagar formação de professor

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Associação Brasileira de Mantenedoras (ABM), que representa faculdades e universidades particulares de todo o país, está organizando uma fundação para financiar a formação de professores dessas instituições.
A iniciativa é decorrência direta do provão -o Exame Nacional de Cursos do Ministério da Educação. Além de dar conceitos melhores para os cursos com mais docentes com título de mestre ou doutor, os resultados mostram uma forte relação entre a nota dos alunos na prova e a titulação dos professores.
"Está havendo uma febre (devido ao provão). Todo mundo quer ser melhor", diz Edson Franco, 60, presidente da ABM e reitor da Universidade do Amazonas.
Segundo ele, a entidade está aceitando adesões até 28 de janeiro de 1998 para a criação da Fundação Nacional do Desenvolvimento do Ensino Superior Privado.
Até agora, 45 instituições já deram uma contribuição inicial de R$ 5.000. A idéia é começar a trabalhar com pelo menos R$ 150 mil, afirma Franco.
Segundo os resultados da segunda aplicação do provão, divulgados anteontem, 25% dos cursos de instituições públicas tiveram conceito A, contra 5% das privadas. Do total de cursos nota A ou B, 77% também têm nota A ou B (mais de 30% de mestres ou doutores) no item titulação.
"O provão mostra que as particulares não vão tão bem", admite o presidente da ABM. Assim, a fundação teria papel semelhante ao da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior), órgão do MEC que financia desenvolvimento da pós-graduação (principalmente pública) desde a década de 70.
Fuga de titulados
A busca por professores com melhor titulação, no entanto, vem provocando problemas. Na média do provão, houve um aumento de 44% das instituições com conceitos de titulação A ou B. Nas particulares o crescimento foi de 72%.
Ou seja, as universidades públicas -que mantêm mais de 90% da pós-graduação do país- estão perdendo professores titulados para as particulares.
"O que pode acontecer é o desmantelamento do sistema de pós-graduação das universidades federais. É uma política suicida", afirma Tomaz Aroldo da Mota Santos, 53, presidente da Andifes (que reúne os dirigentes das instituições federais de ensino superior).
Ele critica os cortes de recursos que o governo federal está fazendo na concessão de bolsas -especialmente na Capes. "Se não tiver quem forme mestres e doutores, não vai ter mais pessoal qualificado." Edson Franco, da ABM, concorda: "Isso é muito perigoso."

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