São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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Demissão voluntária cria fila na Volks

CLAUDIA VARELLA
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

Cerca de 50 funcionários da Volkswagen chegaram a formar fila ontem à tarde no setor de Recursos Humanos e Relações Trabalhistas da montadora para, segundo a comissão de fábrica da empresa, pedir informações sobre o programa de demissões voluntárias.
"Os trabalhadores queriam mais informações. Queriam saber, por exemplo, como pedir um cálculo de quanto receberiam com os benefícios", disse Sinval Maria dos Santos, da comissão de fábrica. Segundo ele, a fila era formada por trabalhadores de diversos setores da fábrica.
Anteontem, a montadora anunciou a abertura do programa para os 31.500 metalúrgicos de todas as unidades da empresa, inclusive aposentados (cerca de 5.000).
O programa de demissões voluntárias prevê, para horistas, o pagamento de 41% do salário por ano trabalhado. Para mensalistas, esse percentual sobe para 50%.
Todos terão ainda, se aderirem ao programa, três meses de assistência médica ou sua equivalência em dinheiro.
O programa tem validade até o próximo dia 9 de janeiro, quando empresa e sindicato deverão fazer um balanço de adesão. A estimativa da montadora é que a adesão fique entre 5% e 10% -de 1.575 a 3.150 pessoas.
Na próxima semana, a montadora e os metalúrgicos devem retomar as negociações e discutir cortes de benefícios dos funcionários.
A Volks deve propor o não pagamento da participação nos lucros em 98 e mudanças no financiamento do plano de saúde (a empresa quer reduzir sua participação de 85% para 50%).
Em 97, cada trabalhador da Volks irá receber R$ 2.680 de participação nos lucros. Tendo esse valor como base, a montadora economizaria R$ 84,4 milhões no ano que vem se não pagasse a participação no lucro -42% dos R$ 200 milhões que a empresa diz necessitar cortar da folha.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, evitou comentar se a participação nos lucros e a assistência médica são negociáveis. "A Volks vai colocar várias propostas na mesa. E nós vamos negociar."
Ontem, durante assembléia na porta da Volks de São Bernardo, Marinho comparou o andamento das negociações a uma final do Campeonato Brasileiro de futebol.
"Se estivéssemos disputando uma final de campeonato, eu diria que o primeiro jogo nós ganhamos. Vamos ter de chegar para o segundo jogo preparados, com a mesma convicção, com o time jogando junto, de forma muito organizada, para enfrentarmos o adversário", afirmou ele, torcedor do Santos.
O sindicato fez assembléias ontem durante as entradas e saídas dos turnos, para informar os metalúrgicos sobre a abertura do programa de demissões voluntárias e os rumos das negociações.

Colaborou a Reportagem Local

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