São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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Juro para janeiro e NY derrubam Bovespa

LUIZ CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A redução dos juros para o início de 98 para uma taxa anual de 38%, quando alguns bancos chegaram a imaginar, no auge do otimismo, que essa taxa poderia cair para 35%, aliada à percepção de que a economia norte-americana crescerá menos, por conta da crise dos países asiáticos, serviu como um banho de água fria nas expectativas dos investidores.
Bancos e corretoras precisaram corrigir para cima suas curvas de juros e de dólar, projetadas nos negócios na BM&F (Bolsa de Mercadorias e de Futuros) e a Bovespa fechou com queda de 3,76%.
O custo dos empréstimos entre os bancos para janeiro passou dos 2,61% da quarta-feira para fechar ontem a 2,75%.
Ritmo dos juros
Economistas ouvidos ontem pela Folha consideram que o governo preferiu ser conservador na sua política monetária, temendo novos lances na crise asiática que pudessem obrigar uma nova revisão dos juros, dessa vez para cima, o que seria traumático.
O deputado Delfim Netto (PPB), por exemplo, considera que o problema é o governo não ter controle sobre dois fatos: a situação externa e o fluxo de dólares para o país.
"Tinha espaço para uma redução maior dos juros, mas o governo optou por ser conservador. A verdade é que será preciso calibrar a queda dos juros de acordo com o nível da reservas", diz Delfim.
O ex-ministro da Fazenda e consultor Mailson da Nóbrega também considera que havia espaço para reduzir mais os juros para janeiro -até para 2,60%, acredita.
Para Mailson, o Banco Central aproveitou para mandar uma mensagem política com a decisão.
"O governo aproveitou para mostrar ao setor político que não se pode perder a urgência das reformas. Se a queda dos juros fosse maior, poderia parecer que tudo estava resolvido."

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